Esquerda divide-se sobre criação de novo partido
O eurodeputado Rui Tavares defendeu, em entrevista ao jornal i, a necessidade de ser iniciada a discussão, “sem vergonha”, sobre a criação de um novo partido à esquerda. Mas o coordenador do Bloco, João Semedo, receia que tal só sirva para “dividir” ainda mais a esquerda. Em sentido inverso, e mais abertos à proposta de Rui Tavares, estão o PS e o PCP.
© LUSA
Política Partidos
Em entrevista ao jornal i, o eurodeputado independente Rui Tavares defendeu, esta segunda-feira, a importância da esquerda iniciar uma discussão sobre a criação de um novo partido. Porém, o coordenador do Bloco de Esquerda, João Semedo, é da opinião que “a esquerda tem é de se entender”, sustentando que “um novo partido, ou qualquer solução desse tipo, só iria dividir, [em vez de] ajudar a juntar forças”.
João Semedo não crê, por isso, que “que seja esse o caminho”. Até porque, e reconhecendo que “a unidade da esquerda é um caminho difícil, nós próprios temos procurado percorrer esse caminho e chamar os outros partidos, [e] não vejo que seja um caminho bloqueado”, concluiu o bloquista em declarações à Lusa.
Opinião diferente tem o antigo deputado socialista Henrique Neto, defendendo que “o espaço para [um] novo partido é criado pelos actuais partidos políticos, que só têm vindo a mostrar que a alternância no poder não tem dado resultado”. No mesmo sentido, Paulo Fidalgo, presidente da Renovação Comunista, salienta que “há espaço [para um novo partido] porque as forças políticas à esquerda têm assumido uma posição insuficiente face à governabilidade”, mas considera que falta ainda “maturação” à proposta de Rui Tavares.
Já a antiga deputada do Bloco, Joana Amaral Dias, considera que este “não é um tema prioritário”, sublinhando que face à actual “guerra histórica, fratricida até, entre os partidos de esquerda em Portugal”, o importante é que “se entendam agora em tópicos como a renegociação da dívida, o Memorando da troika, e o Estado Social”, disse ao i.
O comunista Paulo Fidalgo concorda, considerando que o objectivo principal da esquerda deve ser, neste momento, a queda do Governo e a aposta forte num bom resultado dos partidos à esquerda nas próximas eleições autárquicas. Ainda assim, destaca um ponto relevante: “As pessoas [o eleitorado] estão extremamente confusas com a inexistência de uma alternativa, e esse é o maior bloqueio da vida política portuguesa nesta altura”.
Esta situação de “descalabro” em que os partidos se encontram, como classifica Henrique Neto, só beneficia a direita, conclui Joana Amaral Dias, dando o exemplo do CDS que está já a “posicionar-se como parceiro do PS nas próximas eleições e com a falta de compromisso à esquerda, tem oportunidade de o fazer”.
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