"Portugal quer um Presidente que não use dois pesos e duas medidas"
Na sua coluna de opinião no Diário Económico, o antigo ministro socialista, Pedro Silva Pereira, critica esta sexta-feira o discurso do Presidente da República no 10 de Junho, considerando que foi Cavaco quem se envolveu “intensamente no jogo entre maiorias e oposições” com uma postura parcial e incoerente, que recorre “a dois pesos e duas medidas”.
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Política Silva Pereira
Começando por expressar a sua discordância em relação às declarações do Presidente da República, Cavaco Silva, no dia 10 de Junho, designadamente quando afirmou discordar “daqueles que entendem” que a sua “magistratura deve ser negativa e conflitual” e que deve ser “um actor político que participa no jogo entre maiorias e oposições”, o socialista Pedro Silva Pereira escreve hoje que “ninguém defendeu tal coisa”.
No seu habitual artigo de opinião, hoje publicado no Diário Económico, o antigo ministro esclarece que “o que os portugueses desejam é um Presidente imparcial, que se mantenha acima dos partidos e não distinga os governos pela sua cor política – porque só assim poderá cumprir a sua função de ‘árbitro’, promotor de consensos e referência de unidade nacional”. Neste sentido, acrescenta, “esperam um Presidente coerente, que não use dois pesos e duas medidas”.
Algo que na opinião de Pedro Silva Pereira não sucede com Cavaco Silva. Prova disso, sublinha, são os actuais “níveis de impopularidade inéditos” que atingiu. E, justifica o socialista, “não foi por se recusar a uma atitude ‘conflitual’ mas por a ter tido em relação ao Governo anterior [liderado por José Sócrates] e a manter em relação às oposições de agora, pondo-se ao lado do Governo”.
Mas na opinião de Silva Pereira foi precisamente isso que Cavaco em 2011, “envolvendo-se intensamente nesse jogo” entre “maiorias e oposições”, instigando “uma crise política num momento crítico para os interesses nacionais” e assumindo “o alto patrocínio da solução governativa da direita, apesar destes dois anos de desastre”.
Por isso não é de estranhar que a “reacção dos portugueses” seja semelhante à “do público nos estádios de futebol quando vê o árbitro favorecer uma das equipas e a ter influência decisiva no resultado”.
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