Durante o debate quinzenal no parlamento, Pedro Passos Coelho afirmou que "a confiança foi abalada" pelo Governo do PS e que "o projeto de Orçamento e o Orçamento não merecem a confiança nem dos mercados, nem da Comissão Europeia, nem dos portugueses".

Na resposta, António Costa contrapôs que o anterior executivo PSD/CDS-PP é que provocou "falta de confiança". Quanto ao processo orçamental, acusou: "Eu percebo bem que, depois de tanto esforço para que primeiro a Comissão e depois o Eurogrupo chumbassem o Orçamento, esteja muito irritado porque nem a Comissão nem o Eurogrupo terem chumbado o nosso Orçamento".

Na sua última intervenção, o presidente do PSD assinalou o aumento dos juros da dívida, referindo que "não tem paralelo" com o trajeto dos últimos anos, e sustentou que "o mercado está a sinalizar a Portugal que se houver mais problemas no futuro nos penalizará de uma forma que não penalizará os outros".

O ex-primeiro-ministro disse que "o Governo está a levar o país para uma situação de risco", acrescentando: "Se andar mais depressa significa tropeçar e pôr o país na dependência da avaliação de uma empresa de 'rating', então, senhor primeiro-ministro, o senhor será responsável por não ter tido o cuidado de pensar duas vezes na estratégia que está a seguir".

Passos Coelho aproveitou também os seus últimos minutos para se defender do "processo de intenções" lançado por António Costa, que considerou "uma forma rasteira de fazer política", e desafiou-o a "explicar bem o que é que significa esses esforços em Bruxelas".

Nesta altura, o primeiro-ministro já não dispunha de tempo para responder.

Neste frente a frente com o primeiro-ministro, o presidente do PSD utilizou palavras duras para criticar a atuação do executivo do PS.

Passos Coelho disse que "o Governo não tem vindo a cumprir com zelo a sua função de dar tranquilidade ao país e também não dá transparência" e que está "a conduzir a política económica e financeira de uma forma arriscada, que coloca Portugal numa situação de maior vulnerabilidade".

"O Governo, ao contrário do que prometeu, não reverteu austeridade nenhuma. Está a redistribuir a austeridade, e com isso a pôr em risco a imagem de Portugal nos mercados", acrescentou.

Quanto aos juros da dívida pública, referiu que "estão a comportar-se de uma forma diferente do que acontece com outros países periféricos que também têm problemas" e que "o que se está nesta altura em Portugal não tem paralelo com aquilo que aconteceu de há vários anos a esta parte".

A "curva de rendimentos" do último mês "é inteiramente diferente e mais perigosa", enquanto em Espanha e Itália "praticamente não se passa nada", apontou.