Depois de o Presidente da República, Cavaco Silva, ter pedido mais esclarecimentos a António Costa antes de o indigitar como primeiro-ministro, o ex-presidente do PSD questiona por que motivo Costa "não divulga a resposta, a bem da transparência?".

"Na sequência disso, embora Cavaco Silva se tivesse considerado insatisfeito, pelo menos foi o que disse, deu posse a António Costa porque não tinha alternativa", explicou.

Agora com um Governo com 17 ministros, "um dos mais longos", Marques Mendes propõe um pequeno exercício e divide-os em quatro categorias, os das surpresas, os poderosos, os políticos e os das expetativas.

As quatro surpresas: "A maior de todas é a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, que é uma magistrada muito elogiada. A segunda é o da Defesa, Azeredo Lopes, é um académico muito conceituado. Mas também Matos Fernandes, o ministro do Ambiente, porque se falava noutro nome. E por último, a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, que tem um currículo notável. Pior que a sua antecessora não fará pior de certeza", revelou.

Os poderosos: "Identifico os quatros ministros com muito peso, que pelas suas áreas têm muito poder. O ministro das Finanças, Mário Centeno. O importante é a sua ação, é uma pessoa sabedora mas falta saber se tem firmeza. Vai ser o senhor todo-poderoso. Na Presidência, Maria Manuel Leitão Marques, que já deu provas de que é uma pessoa muito competente. Pedro Marques no Planeamento vai ser um super-ministro, é uma figura em ascensão. Vieira da Silva na Segurança Social esteve muito bem. Está como peixe na água", assegurou.

Os políticos: "Nos Negócios Estrangeiros Augusto Santos Silva, o Adjunto Eduardo Cabrita, na Agricultura Capoulas Santos, na Cultura João Soares, no Mar Ana Paula Vitorino. Todos têm grande experiência no domínio político, mas o se não é que vários deles têm ligação a Sócrates", referiu.

As expetativas: Saúde Adalberto Fernandes, Economia Manuel Caldeira Cabral, Educação Tiago Brandão Rodrigues, Ciência Manuel Heitor. Quatro ministros que recaem expetativas muito especiais. Parece-me uma boa equipa e vão estar nos holofotes.

"Acho que globalmente é um bom Governo em termos das figuras. Mas noto aqui falhas. Este Governo precisava de ter uma figura de peso e referência", afirmou, acrescentando que este "é um Governo acima de tudo de combate, por ser minoritário. Estão a preparar-se para as eleições. O risco é que de estarmos em campanha eleitoral permanente e o país não aguenta uma campanha eleitoral permanente".

O social-democrata acredita que António Costa, um homem "pragmático" e "pouco ideológico", como o define, já se está a preparar para as próximas eleições, e por isso, vai "responsabilizar o governo anterior nos dossiers mais difíceis".

"Há cinco personalidades que se cuidem. Passos Coelho, Paulo Portas, Maria Luís Albuquerque, Carlos Costa e Sérgio Monteiro. São uma espécie de inimigos, de alvo a abater", indicou.

Por fim, o comentador referiu-se ainda aos desafios de Passos Coelho e Paulo Portas, acreditando que o primeiro chega já para a semana, em que a coligação terá de decidir se apresenta ou não uma moção de rejeição ao programa do PS. " Se não apresentarem é um disparate. Depois de tudo o que foi feito, apresentar moção de rejeição é um ato de coerência".

"Depois de passar este período de stresse, de baixar os ressentimentos, o PSD e CDS tem três desafios: Um é reaprender a ser oposição. De alguma forma, reinventar novas ideias, propostas e projetos. Eles já chegaram às últimas eleições esgotados. E finalmente, têm que aproveitar esta guinada mais à Esquerda para se colocarem mais ao Centro. No momento em que o PSD e o CDS se separarem, Costa sai vitorioso", rematou.