No seu espaço de comentário semanal na TVI24, Manuela Ferreira Leite comentou a falta de pagamento de contribuições à Segurança Social por parte de Passos Coelho, onde afirmou que a falha é dos governantes máximos e não do serviço em si.

Quanto às declarações do primeiro-ministro, a antiga ministra concordou com Passos ao dizer que qualquer um comete erros. “Não somos perfeitos. Tenho tendência para concordar com esse tipo de afirmação”, explica.

Contudo, aludindo à época em que o primeiro-ministro falava sobre este setor, onde referiu várias vezes que a Segurança Social era uma das fontes da crise, não é justificável que com um discurso destes exista uma falha assim.

“O tema Segurança Social tem constituído um discurso muito agressivo por parte dos governantes. Quase que foi dado a entender nalguns casos que uma das grandes fontes da crise e da situação em que o país estava tinha a ver com a Segurança Social”, refere a social-democrata.

Sendo que foi um tema tão discutido e tão presente na memória dos portugueses, Manuela Ferreira Leite acredita que “foram feitos discursos agressivos que marcaram muitas pessoas. É um tema extremamente sensível. E quando surge uma questão destas por parte de um responsável que fez estes discursos, é normal que se crie uma dimensão política séria”.

“É um tema muito sensível. Há muita dificuldade em ultrapassar este assunto quando se fala num governo que tanto sublinhou estes pontos”, acrescenta.

Quando questionada se se tratava de uma questão política, a antiga governante acredita que sim. “Este é um problema político, vem da boca de alguém que impôs regras diversas, que penalizou a opinião pública através de discursos contrários à sua ação”, frisa.

Em jeito de crítica às declarações de Mota Soares, que veio defender Pedro Passos Coelho, ao dizer que 107 mil pessoas também não tinham pago e que a culpa era da Segurança Social por não ter notificado o líder do Executivo e os cidadãos portugueses, a social-democrata diz que “começa a pegar a moda de quando existe alguma falha no funcionamento da administração a culpa é dos serviços. Como se o ministro não fosse o responsável máximo dos serviços. Se há alguma coisa de errado nos serviços a culpa é deles”.

Ainda sobre o discurso do ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, Pedro Mota Soares, a antiga ministra não acredita que ele tenha dito as palavras certas. “O que é que ele fez para resolver os problemas destas pessoas que foram lesadas?”, questiona e responde: “Provavelmente não fez nada. Limitou-se a defender o primeiro-ministro. Esquecendo-se que os funcionários deveriam ser considerados. A responsabilidade é dos governantes máximos”.