O primeiro-ministro “está metido numa grande encrenca”, considera Augusto Santos Silva. Em causa está o facto de Passos Coelho não ter pago contribuições à Segurança Social, entre 1999 e 2004, como foi avançado pelo Público.
Para o comentador afeto ao PS não há dúvidas de que a falha do primeiro-ministro se trata de “evasão contributiva”, algo que, diz, “não é uma coisa bonita”.
No seu espaço de comentário semanal na TVI24, o antigo governante socialista abordou não só esta questão mas também as reações do primeiro-ministro ao caso. Desde que foi tornado público, “todas as reações de Passos Coelho têm agravado o caso em vez de esclarecer”, afirmou.
O ministro responsável pela tutela da Segurança Social, Pedro Mota Soares, também foi visado nas críticas, com o socialista a descrever a atuação do ministro como “patética”. Para Augusto Santos Silva “não se espera que [um ministro] acuse os serviços que tutela apenas para defender o seu chefe”.
Num tom irónico, Augusto Santos Silva caracterizou os argumentos que têm sido apresentados por Passos Coelho como uma “desculpa esfarrapada”, considerando ainda que não tem sentido a crítica de “chicana política”, termo que Passos Coelho usou para abordar o caso.
Para o comentador, este caso “belisca” o líder do Executivo em duas dimensões: numa primeira, em que “há ali um período na vida profissional de Passos Coelho que suscita dúvidas”, disse Augusto Santos Silva, fazendo também alusão ao caso Tecnoforma; mas também numa segunda dimensão, em que o mesmo governante “que diz que os portugueses se devem habituar a cumprir” todas as suas obrigações, “é o mesmo Passos Coelho que é apanhado numa situação que é, tecnicamente, evasão contributiva”, defendeu.
