O presidente do CES, Silva Peneda, em entrevista à Rádio Renascença, falou sobre as contradições na avaliação de Bruxelas à política “que a própria Comissão Europeia apoiou e incentivou”, depois de a Comissão ter colocado Portugal sob monitorização específica por desequilíbrios económicos excessivos.
Bruxelas acusou ainda Lisboa de "não ter sido capaz de lidar com o aumento da pobreza".
É nesse sentido que Silva Penada critica o relatório sobre desequilíbrios macroeconómicos em quase todas as alíneas, afirmando que o pior estava no “sistema de proteção social que não foi capaz de lidar com o aumento repentino do desemprego e com o consequente aumento da pobreza”.
“A este relatório fica a faltar um parágrafo final. O parágrafo que devia sublinhar o seguinte: ‘a Comissão Europeia regista que estes resultados são consequência de políticas que a própria Comissão Europeia apoiou e incentivou’, indica o presidente do CES.
“Aí sim, o relatório já fazia algum sentido. Agora, elaborar um documento em que se explana todo um conjunto de resultados negativos quando a mesma Comissão Europeia foi responsável – em larga medida – pelas políticas que estiveram na base desse acordo, de facto, não faz nenhum sentido”, disse indignado.
O antigo deputado europeu defende ainda que “a solução está no que Juncker está a fazer”. “É preciso colocar mais política no centro do processo de tomada das decisões das instituições europeias”, aconselha.
“Isto tem a ver com questões políticas. Mas não é fácil alterar este estado de coisas. Lembram-se de quando um funcionário da Comissão Europeia condenou Portugal por aumentar o salário mínimo? Agora, quanto à Grécia, já não se ouviu nada de semelhante”, critica.
Para Silva Peneda existe um "problema de coordenação nas instituições europeias”, conclui.