O requerimento da maioria foi aprovado na comissão parlamentar de Defesa, com votos favoráveis do PSD e do CDS e a abstenção de socialistas e bloquistas, devendo ser ainda votado na comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros.
A maioria chumbou ainda uma proposta de aditamento do PS para ouvir o ministro da Defesa antes da Comissão Bilateral Permanente entre Portugal e os Estados Unidos, que se reúne a 11 de fevereiro.
A audição dos dois governantes - ainda sem data marcada - terá lugar depois deste encontro entre os governos português e norte-americano.
Os Estados Unidos da América anunciaram que vão retirar das Lajes 500 militares e civis, deixando na ilha Terceira menos de 200 pessoas, e que vão dispensar 500 trabalhadores portugueses.
Na reunião da comissão de Defesa, o deputado e coordenador do PS para a área, Marcos Perestrello, voltou a criticar a decisão do Governo de não prestar previamente esclarecimentos aos deputados: "Recusamos o entendimento de que o papel do parlamento seja uma mera caixa de receção de informação do Governo".
Perestrello lamentou que este tenha sido "o primeiro Governo" a não se reunir ao mais alto nível (primeiro-ministro) com os Estados Unidos da América, nomeadamente para debater a questão da Base das Lajes.
Por outro lado, o socialista José Lello, confessando-se "um atlantista emérito", afirmou que os Açores "deixaram de ter potencial estratégico" e que isso deve ser encarado com clareza pelo Governo português e que o que está em causa é "aquilo que [os norte-americanos] vão pagar para sair".
Já o deputado comunista António Filipe considerou que a audição conjunta dos ministros da Defesa e Negócios Estrangeiros perante deputados de duas comissões "não é uma fórmula brilhante".
O deputado do PCP defendeu ainda que a audição do ministro da Economia sobre as consequências da redução nas Lajes teria maior cabimento do que a do ministro da Defesa, que "tem [apenas] a tutela da base aérea 4", na ilha Terceira, e "pouco poderá dizer" relativamente à decisão norte-americana.
Na reunião, o deputado socialista João Soares pediu a palavra para defender uma "reflexão séria" na comissão sobre a presença militar no Afeganistão, tendo depois recomendado a série política dinamarquesa 'Borgen', que retrata a ascensão da primeira mulher a primeira-ministra na Dinamarca, ao presidente, José Matos Correia.
Depois do seu colega de bancada, o deputado do PS José Lello referiu-se à série para criticar os políticos e jornalistas dinamarqueses lá retratados e a "relação umbilical com os 'spin doctors' dos ministros": "São mais espartanos, mas bem mais malandros".
"Se fosse cá seria uma coisa vergonhosa, mas como são pessoas que vão de bicicleta para o parlamento estão acima [das críticas] ", afirmou José Lello.