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"Maioria foi eleita com base num cheque sem cobertura"

O primeiro debate da tarde da discussão do Orçamento, no parlamento, foi marcado por uma acesa discussão entre o PS e a maioria PSD/CDS em torno da herança dos governos Sócrates e da responsabilidade pelo resgate financeiro.

"Maioria foi eleita com base num cheque sem cobertura"
Notícias ao Minuto

17:06 - 30/10/14 por Lusa

Política Vieira da Silva

Vieira da Silva, vice-presidente da bancada socialista e ex-ministro nos dois executivos liderados por José Sócrates, fez uma intervenção de fundo a apresentar os motivos do voto contra do PS face à proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2015.

O dirigente da bancada do PS insistiu na falta de credibilidade do cenário macroeconómico projetado pelo Governo (designadamente um crescimento económico de 1,5 por cento), advogou que o investimento recuará aos níveis de 1990, andando um quarto de século para trás, e que a riqueza de Portugal recuará aos níveis de 2004.

"Agora podemos mesmo falar em década perdida", sustentou, antes de ouvir o deputado social-democrata Adão Silva a criticá-lo por tentar fazer "tábua rasa do passado" dos executivos Sócrates, de não propor "uma única política alternativa" e de pretender agora "um cheque em branco para o futuro".

Adão e Silva acusou Vieira da Silva de ter procurado esconder que, enquanto membro dos governos de Sócrates, particularmente no segundo (após 2009), aceitou cortes nas prestações sociais em março de 2010, assim como o congelamento do aumento do salário mínimo e das pensões mínimas.

"Conte-nos sobre a coerência do seu passado", desafiou o dirigente da bancada social-democrata.

Vieira da Silva replicou, expondo, na sua perspetiva, quais as diferenças entre os executivos de Sócrates e o atual: "Nós sempre fizemos tudo para impedir a intervenção estrangeira em Portugal", referiu, motivando ruidosos protestos da parte das bancadas do PSD e CDS, o que obrigou a uma primeira intervenção da presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, para repor "a serenidade" no hemiciclo.

Mas o ex-ministro socialista desenvolveu ainda mais essa sua lógica de argumentação, alegando que o atual primeiro-ministro "sempre afirmou que teria total disponibilidade para governar com o FMI" (Fundo Monetário Internacional) e que Pedro Passos Coelho sempre quis ir "para além da 'troika', tornando-se um seu executor exemplar".

Dirigindo-se ao social-democrata Adão e Silva, o "vice" da bancada socialista rematou: "Falou em cheque em branco, mas o que se passou é que a vossa maioria foi eleita com base num cheque sem cobertura, porque nunca antes falara em cortes de pensões ou de salários".

O deputado e ex-líder do CDS Ribeiro e Castro seguiu depois a linha do social-democrata Adão e Silva e levantou as bancadas da maioria ao pronunciar-se sobre as consequências dos governos socialistas em Portugal, acusando mesmo o PS de ser responsável por deixar ao país "um Estado falido e não um Estado social", e por ser culpado por três resgates financeiros.

"Os senhores do PS parece que têm saudades da 'troika'. Nesta República, graças ao PS, já tivemos três resgates financeiros, mas aqui não queremos um quarto", afirmou com um tom de voz elevado, escutando então muitas palamas dos deputados do PSD e do CDS.

Ribeiro e Castro pôs também as bancadas da maioria a rir-se quando recordou que se chamava 'cozinheiro e Castro' no antigo programa "Contra Informação" da RTP.

"Ora, os senhores do PS, quando estiveram no Governo, seguiram o princípio do 'soufflé', com um crescimento económico baseado em claras de castelo. Ou seja, era tudo puro artificialismo: Autoestradas sem carros e sem portagens, aeroportos sem aviões, TGV sem comboios e muito endividamento. Depois, os senhores chamaram a 'troika'", declarou o ex-líder democrata-cristão.

O deputado do CDS identificou ainda "um problema com a linguagem e com as palavras" no debate político, procurando dessa forma retirar a bandeira do Estado social aos socialistas.

"Nós é que defendemos o Estado social. O que o PS legou a Portugal foi um Estado falido - e um Estado falido não é social porque não dá garantia a ninguém", contrapôs, recebendo uma prolongada salva de palmas, antes de apontar que cinco países liderados por socialistas na Europa já apresentaram em Bruxelas orçamentos incumpridores do Tratado Orçamental.

"Se os senhores fossem Governo, eram seis os países da União Europeia", comentou Ribeiro e Castro.

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