Falando ao Parlamento, no início do debate quinzenal, Passos Coelho aproveitou para ler passagens da argumentação do despacho de arquivamento da Procuradoria-Geral da República, até finalmente responder às dúvidas que têm vindo a público: “Enquanto deputado nunca recebi qualquer valor da Tecnoforma”, disse.
“Colaborei com a empresa Tecnoforma durante vários anos depois de ter sido deputado e após 2001 e de todos esses anos tenho registos”, disse ainda, admitindo depois que nunca recebeu qualquer rendimento do CPPC, a organização não governamental gerida pela Tecnoforma, mas que apresentou “despesas de representação”, que disse referirem-se a almoços e viagens.
Antes ainda da declaração propriamente dita sobre se teria ou não recebido rendimentos de forma indevida na altura em que era deputado, Passos Coelho quis enfatizar outra questão: “O ex-deputado poderia ter solicitado que lhe fosse atribuída a subvenção vitalícia”, disse, antes de acrescentar, “coisa que não fez”, repetindo a frase três vezes até arrancar uma salva de palmas da bancada ‘laranja’.
Passos Coelho deixou ainda críticas aos “senhores jornalistas”, referindo-se em concreto ao jornal i, por este ter divulgado alguns dados relativos às suas declarações de IRS. Ainda assim, fez questão de dizer que não deixará de “autorizar a divulgação de aspetos dos [seus] rendimentos”.
Em resposta, António José Seguro, líder do PS, realçou o facto de Passos Coelho ter demorado “mais de uma semana” a prestar esclarecimentos ao país, desafiando ainda o primeiro-ministro a levantar o sigilo bancário. Para Passos Coelho, no entanto, os esclarecimentos, da sua parte, já estão dados, rejeitando o cenário de "strip-tease das suas contas bancárias".
