No comício da Aula Magna, penúltimo dia de campanha antes das eleições primárias de domingo, António Costa teve na primeira fila da plateia o primeiro líder socialista e ex-Presidente da República, Mário Soares, o presidente honorário do PS, Almeida Santos, o ex-secretário-geral Ferro Rodrigues, o ex-candidato presidencial Manuel Alegre e o antigo ministro da Justiça Vera Jardim.

As primeiras palavras do comício, proferidas por Duarte Cordeiro, ex-líder da JS e atual vereador da Câmara de Lisboa, foram precisamente dirigidas a Mário Soares.

"Há uns meses estive aqui [Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa] na conferência "Em defesa da Constituição e do Estado social. Estive aqui com António Costa, que não se escondeu", declarou Duarte Cordeiro, numa alusão crítica ao secretário-geral do PS, António José Seguro, que esteve ausente das iniciativas promovidas por Mário Soares.

Sem nunca se referir diretamente a Seguro, o ex-líder da JS voltou à carga: "António Costa nunca aceitou a explicação da direita para a crise".

"Não aceitamos que a liderança do PS alinhe por razões táticas oportunistas com esses argumentos. As diferenças [entre os dois candidatos às primárias] são evidentes, na experiência, percurso e capacidade de liderança. António Costa não cede ao populismo e está em melhores condições para unir o partido", sustentou.

A seguir, a atriz Margarida Vila-Nova fez um discurso curto, mas muito aplaudido, alegando que os mandatos de Costa na Câmara de Lisboa são a melhor prova da sua capacidade para liderar o Governo do país - "um país que não se quer tacanho".

"Não quero que a mudança seja só de cor, para que depois tudo fique na mesma. Quero António Costa", disse Margarida Vila-Nova, elevando o seu tom de voz.

A atriz Maria do Céu Guerra fez também o elogio do trabalho autárquico de António Costa na Câmara de Lisboa, sobretudo ao nível da reabilitação urbana, designadamente no Intendente.

"No meio da crise, Lisboa tem sabido sorrir. Não sonho com um primeiro-ministro despesista para se opor à austeridade, ou com um construtor de templos ao Deus dólar, mas que não seja subserviente, que não deixe fugir oportunidades, que faça pelo país tal como António Costa fez por Lisboa", declarou.

Mas Maria do Céu Guerra foi mais longe: "Quero um primeiro-ministro que saiba ler, que tenha lido, que vá ao teatro e que saiba ver o que viu, que vá a uma feira do livro e não se sinta um esquimó em Paris".

"A decisão de António Costa foi patriótica. Espero uma oposição que nos leva à vitória para mudar a História", declarou, referindo-se à decisão do presidente da Câmara de Lisboa de avançar para a liderança do PS.