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A crise não "começou hoje ao pequeno-almoço"

João Pereira Coutinho, escritor e colunista, não olha para esta crise como tendo começado 'ontem', mas como um resultado de 40 anos de ?uma sucessão de políticos incompetentes ou dolosos?. Em entrevista ao Jornal de Negócios, Coutinho define a classe política portuguesa como espelho do país e sublinha que a crise não ?começou hoje ao pequeno-almoço?.

A crise não "começou hoje ao pequeno-almoço"
Notícias ao Minuto

09:28 - 29/08/14 por Notícias Ao Minuto

Política João Pereira Coutinho

“Como sempre, os portugueses protestam tarde e a más horas. Para regressar ao Estado Novo, faz lembrar aquelas multidões que no dia 25 de Abril eram todas democráticas e prontas para varrer o regime de peito feito – mas no dia 24 nem se atreviam a dar um pio”, afirma João Pereira Coutinho, em entrevista ao Jornal de Negócios.

O doutorado em Ciência Política e Relações Internacionais, sustenta ainda que “é fácil fazer tiro ao alvo com o dr. Passos Coelho e ‘tutti quanti’”, no entanto, recorda, “o nosso falhanço deve-se a uma sucessão de políticos incompetentes ou dolosos que permitiram a falência do país três vezes em 40 anos de democracia”.

Nesse sentido, o colunista relembra que enquanto “havia crédito, estádios de futebol e o diabo a quatro”, ninguém reclamava nem achava estranho. “É outra atitude infantil dos portugueses: acreditar que o mal começou hoje ao pequeno-almoço”, sugere.

Relativamente ao fim do programa de assistência económica e financeira, o jornalista questiona se o país não deveria estar “melhorzinho”. Coutinho é perentório: “Não”.

O colunista explica que a troika veio para Portugal para evitar a falência do país, que poderia implicar, entre outras coisas, “salários e pensões suspensos, contas bancárias congeladas, pancadaria social”, acrescentando que “as pessoas que pensam que estes anos foram o pior possível, nem imaginam o que é o pior possível”.

Mesmo admitindo que é crítico deste Governo, Coutinho diz que o Executivo de Pedro Passos Coelho “encontrou uma casa em chamas e tentou apagar o incêndio como pode, aos trambolhões, desse por onde desse e às ordens do capataz”.

Para o comentador, a classe política é um problema que extravasa o seu círculo e precisa de uma atenção alargada. “A classe política de um país reflete o que esse país realmente é. (…) Na generalidade, os políticos são maus porque os portugueses não exigem melhor”, refere.

“Basta ver este cenário anedótico: aqueles que tiveram responsabilidades diretas na degradação das contas públicas são os mesmos que comentam a atualidade política, na TV, nos jornais ou na rádio, como se tivessem chegado hoje de outro planeta. E, que eu saiba, as audiências e os leitores apreciam a farsa. Quer melhor do que isto?”, remata João Pereira Coutinho.

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