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Não se pode "enriquecer no exercício de funções públicas"

O candidato do MPT ao Parlamento Europeu, António Marinho e Pinto, falou com o Notícias ao Minuto sobre as ambições ao leme do Partido da Terra e lançou várias críticas à política populista e demagoga dos partidos da maioria, assim como ao jogo que de interesses que a caracteriza.

Não se pode "enriquecer no exercício de funções públicas"
Notícias ao Minuto

14:15 - 22/05/14 por Anabela de Sousa Dantas

Política Marinho e Pinto

António Marinho e Pinto, cabeça de lista do MPT - Partido da Terra - ao Parlamento Europeu, defende uma mudança na política em Portugal, mais honesta e menos demagoga, e quer levar mais “mais Portugal para a Europa e trazer mais Europa para Portugal”. O ex-bastonário da Ordem dos Advogados critica ainda, em conversa com o Notícias ao Minuto, o jogo de interesses na vida política, sublinhando que “não podemos ter pessoas que enriquecem no exercício de funções públicas”.

Está satisfeito com a opção de saída limpa do programa de assistência financeira?

Não posso responder com [propriedade] porque não sei os pressupostos da saída limpa. Penso que esta decisão de sair sem um programa cautelar de apoio ao país satisfez mais exigências propagandísticas do Governo e dos partidos da maioria do que as necessidades de prudência, cautela, cuidado que o Governo devia ter na gestão dos interesses nacionais.

Portanto, concorda quando o candidato do PPE ao Parlamento Europeu, Jean-Claude Juncker, diz que não gosta que digam aos portugueses que Portugal saiu da crise?

Sim. Os principais indicadores acerca da crise estão piores hoje do que estavam em 2011, quando se iniciou o programa de assistência. O desemprego é muito pior, a dívida é muito maior, o produto interno bruto é muito menor. Portanto, os índices que nos permitem uma análise mais objetiva da crise estão muito piores. Os portugueses estão muito piores, centenas de milhares de portugueses tiveram que abandonar Portugal, alguns morreram porque não tiveram assistência de saúde, não tinham dinheiro para pagar as taxas moderadoras ou para pagar medicamentos, posto isto tudo está pior. Esta saída respondeu apenas às necessidades propagandísticas dos partidos da maioria.

No âmbito da candidatura ao Parlamento Europeu, qual é a sua missão à frente do Movimento Partido Terra?

Vou procurar levar mais Portugal para a Europa e trazer mais Europa para Portugal. Quero mudanças políticas em Portugal - na forma de fazer política. Defendo uma Europa ao serviço dos cidadãos e da solidariedade e não uma Europa do dinheiro e dos interesses que andam sempre associados ao dinheiro. Quero mais integração europeia, mais coesão interna e quero menos desigualdade na União Europeia. Não podemos ter empresas a operar em Portugal, a gerarem aqui os seus lucros e a irem pagar impostos desses lucros a outros países. Isso é um ato de traição nacional que eu denunciarei com todas as minhas forças, se for eleito para o Parlamento Europeu. Defendo a criação de um salário mínimo a nível europeu. Defendo também um chão mínimo de pensão social, um chão mínimo de subsídio de desemprego e de apoio à maternidade.

Que previsão faz das eleições tendo em conta as ações de campanha que tem feito pelo país? Está otimista?

Sempre estive otimista, candidatei-me para ser eleito. Eu conheço Portugal e conheço os portugueses, não só os portugueses dos grandes centros urbanos mas também os das zonas do Interior, e o meu otimismo deriva do contato que sempre tive com os portugueses. Não faço previsões, isso deixo-as para as pitonisas da nossa vida pública. As minhas previsões serão feitas no domingo à noite.

Sempre advogou contra a política populista e demagógica em quase todas as intervenções que fez. Que visão é que tem de uma política honesta e desimpedida?

É uma política de dizer a verdade ao povo, a verdade nunca é populista, nunca é demagógica, as mentiras é que são. Nós não podemos ter pessoas que enriquecem no exercício de funções públicas, nomeadamente de funções soberanas. Nós não podemos ter políticos sobre os quais recaem permanentemente as piores suspeitas que há na sociedade portuguesa – de corrupção, de compadrio, de nepotismo, de promiscuidade entre interesses públicos e interesses privados. Nós não podemos ter no Parlamento a fazer leis, pessoas cuja atividade profissional privada é arranjar leis que favoreçam os seus clientes. Nós não podemos ter advogados a fazer leis no Parlamento e depois a cobrar honorários nos seus escritórios, na sua sociedade de advogados, pelas leis que fazem como deputados.

Refere-se a alguém em concreto?

Quem quiser que enfie a carapuça. Temos que criar uma incompatibilidade bem visível, bem forte entre o exercício da advocacia e o exercício da função legislativa. Não podemos continuar a viver nesta promiscuidade, nesta suspeita permanente (não são verdadeiramente suspeitas, são certezas porque nós vemos o património dessas pessoas a crescer permanentemente). Não podemos ter deputados no Parlamento Europeu ou na Assembleia da República com fortunas fabulosas, a enriquecerem e a dizerem que esse enriquecimento é resultado da sua atividade de advogados.

Se não ganhar, que planos tem para o Movimento Partido Terra?

Não faço planos, eu sou independente pelo Movimento da Terra. Tenho os mesmos planos que sempre tive na minha vida, lutar como cidadão para que a vida coletiva melhore, para que melhores a vida coletiva dos portugueses, para que haja mais transparência na democracia, para que a democracia seja mais forte, lutar como sempre lutei pela liberdade, pela justiça e pela solidariedade entre os portugueses. Se não for eleito no Parlamento Europeu, continuarei como cidadão e como advogado.

Não planeia continuar na vida política, caso não seja eleito?

Sim, prevejo isso mas dependerá da forma como essa vida política se organizará. Será objeto de análise depois das eleições.

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