“Como é que o país paga uma dívida com estas taxas juro? Não é possível”. Grosso modo, a questão levantada pela comentadora política Constança Cunha e Sá sintetiza aquela que é a sua posição no que à emissão de dívida pública a 10 anos, realizada ontem, diz respeito.
No entender da jornalista, que falava na TVI24, a “dívida é insustentável”, sendo que “temos uma taxa de juro que ainda é muito alta”, isto, quando Portugal está, sensivelmente, a três meses de concluir o programa de ajustamento financeiro.
Assim, e em sentido contrário ao otimismo veiculado pela maioria governativa, Constança Cunha e Sá lembrou que “temos um défice e não é pequeno” e que “estas taxas de juro não são suportáveis”, pelo que se “está a empurrar com a barriga para a frente um problema que mais tarde ou mais cedo vai cair em cima de nós, porque isto não é pagável.”.
E, realçou ainda: “Toda a gente tem muito medo da reestruturação da dívida, mas ninguém consegue explicar como é que se paga esta dívida”. Por outro lado, a comentadora da estação de Queluz salientou que uma “saída limpa [do memorando da troika] é uma irresponsabilidade”, e que esse tipo de discurso é alimentado pelo facto de todos estarem “em campanha eleitoral”, defendendo, pois, a premência de um programa cautelar.
Constança Cunha e Sá fez sobressair, a este propósito, que o secretário-geral do PS, António José Seguro, se deixou cair numa “armadilha”, tendo em conta que o cenário de “saída limpa”, também defendido pela oposição, será sempre interpretado como uma “vitória do Governo”.