“O objectivo político da maioria governamental para a primeira metade do ano que entra é apenas o de prolongar o estado vegetativo que vivemos em 2013”. Quem o diz é Miguel Sousa Tavares num texto publicado no Expresso.
Isto porque, explica o comentador político, “na sua mensagem de Natal, Passos Coelho revelou que o seu maior desejo é chegar ‘sem perturbações’ a Julho próximo”. Além disso, “também Portas quer que o relógio da troika cuja contagem decrescente iniciou, avance depressa quanto possível até essa data/meta em que, alegadamente, e como ele diz ‘recuperamos parcelas da nossa soberania’ “.
Desta feita, ambos “desejam que o tempo avance sem perturbações como se esses cinco meses que faltam não servissem para nada, a não ser para ver o tempo a passar”.
Tudo isto leva o antigo jornalista a verificar que “nada de substancial aconteceu” no ano que agora finda. “2013 foi um ano inútil”, remata.
Em termos económicos, “as finanças públicas continuam quase como estavam quando veio o resgate: (…) com perto de 9 mil milhões de défice e uma dívida pública ainda maior”.
Acresce que a reforma do Estado “continua, no essencial, por fazer”.
Assim sendo, “não vejo que 2013, ou os dois anos e meio decorridos desde a vinda da sombria troika, tenham sido de alguma forma aproveitados para começar a mudar algumas coisas. É o mesmíssimo país, cada vez mais velho e agarrado às ilusões de sempre”, conclui.