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Suíços votam em referendo limitação dos salários

Os suíços pronunciam-se em referendo no domingo sobre a iniciativa do partido da juventude socialista que pretende limitar os salários dos executivos das empresas.

Suíços votam em referendo limitação dos salários
Notícias ao Minuto

13:39 - 22/11/13 por Lusa

Política Remunerações

Lançada a 21 de março último, a iniciativa intitulada "1:12 - para salários justos" quer fixar o montante do salário mais elevado nas empresas e incentivar o aumento dos salários mais baixos. Os salários mais elevados não poderão ser 12 vezes superior ao salário mais baixo da empresa.

"Esta iniciativa é a consequência direta do debate importante motivado pelas remunerações extremamente elevadas de alguns dirigentes de multinacionais baseadas em Suíça", disse à Lusa Erik Reuman, porta-voz do Departamento Federal da Economia, da Formação e da Investigação suíço.

Nos últimos anos, os salários dos altos dirigentes das empresas aumentaram de forma significativa em relação aos salários médios, particularmente nos países industrializados. Uma tendência que também registou na Suíça, especialmente no setor da alta finança, provocando muitas críticas em empresas com problemas económicos.

Em março último, o povo suíço aprovou por referendo a iniciativa Minder sobre as remunerações abusivas, que vai entrar em vigor dia 01 de janeiro 2014. A nova legislação obriga, sem exceção, os conselhos de administração das empresas a fixar os salários, o que antes não era obrigatório, apesar de não estabelecer limites, como a proposta socialista que vai ser referendada no domingo.

Erik Reuman explicou que "as multinacionais recrutam os dirigentes superiores no mercado de trabalho internacional", considerando que se a Suíça "limita a liberdade de fixar os salários, as empresas baseadas no país serão excluídas desse mercado", o que "tornará mais difícil o recrutamento de quadros superiores competentes".

De acordo com a mesma fonte, no pior cenário, as empresas podem mesmo deixar a Suíça, o que teria com consequências graves para o emprego e a prosperidade do país.

Também, para as empresas que queiram ficar, esta iniciativa poderia aumentar a burocracia e diminuir a atratividade da Suíça, considerou.

Por seu lado, Marília Mendes, responsável nacional dos associados portugueses no sindicato UNIA, uma das maiores centrais sindicais da Suíça, quer ver esta iniciativa aprovada, já que sua organização luta para a instauração de um salário mínimo e justo para todos, com uma votação popular prevista para 2014.

A iniciativa quer terminar com as diferenças "indignas" entre salários mais baixos e mais altos, considerou.

A sindicalista deu um exemplo: "O CEO (presidente do Conselho de administração) do Crédit Suisse (...) ganha num mês aquilo que o trabalhadoe com o salário mais baixo ganha em 15 anos".

"As diferenças salariais são aberrantes e têm vindo a aumentar nos últimos anos: os salários mais altos aumentam vertiginosamente e os mais baixos e médios pouco ou nada aumentam", acrescentou.

O Conselho Nacional e o Conselho dos Estados rejeitam a iniciativa e os partidos opositores investem muito dinheiro em propaganda. A própria Confederação recomenda o voto contra.

Também Carlos Medeiros, luso-suíço que é vice-presidente do Movimento dos Cidadãos genebrinos (MCG) e deputado da República e do Cantão de Genebra, não apoia a iniciativa.

"Os acionistas têm o poder de se pronunciar sobre os ordenados e outras prestações nas empresas (...) O Estado não deve entrar em matéria de controlo na economia privada", disse à Lusa.

"Algumas empresas disseram que seria impossível continuarem a ter as suas sedes sociais na Suíça, se elas não puderem recrutar os melhores dirigentes do mundo", disse, considerando ainda que também "a segurança social seria prejudicada, porque os grandes salários são os que descontam mais".

No entanto, Marília Mendes está otimista. "Mesmo que a iniciativa não seja aceite, o debate está lançado e isso já é uma vitória. Os salários abusivos passaram a ser tema público e não só conversa de café, a consciência pública sobre esta injustiça aumentou. Estamos convencidos que isso já é um contributo para que os excessos venham a ser limitados".

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