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"Sabemos que setor dos táxis não é uma maravilha. Há muito a melhorar"

Florêncio Almeida, presidente da Antral, é o entrevistado do Vozes ao Minuto desta semana.

"Sabemos que setor dos táxis não é uma maravilha. Há muito a melhorar"
Notícias ao Minuto

19/10/16 por Inês André de Figueiredo

País Florêncio Almeida

O setor dos táxis está perante uma luta com as plataformas online que disponibilizam transporte para passageiros. Garantindo que se trata de algo ilegal, Florêncio de Almeida pede que haja uma legalização que contribua para a concorrência leal dentro do setor. Na primeira parte da entrevista exclusiva ao Notícias ao Minuto, o presidente da Antral discorreu sobre a manifestação do passado dia 10 e acerca da imagem veiculada pelos taxistas. Nesta segunda parte, o futuro do setor e a possível coexistência com a Uber dominaram a conversa.

O que tem falhado nas negociações com o Governo para se 'fumar o cachimbo da paz'?

O Governo abriu agora, e durante a manifestação, como é do conhecimento público, uma via para todas as partes se poderem entender e as associações do setor poderem contribuir para a modernização da nossa atividade. Nós queremos modernizar-nos, muitas vezes há entidades que não contribuem para isso. Mas vamos conversar.

É a exigência de um contingente que está a atrapalhar o processo? Para quem ainda não percebeu, o que é este contingente?

São as autoridades competentes que devem delimitar o número de carros descaracterizados que vão operar nas cidades, e aí as câmaras municipais terão uma palavra importante a dizer.

No dia da manifestação, o ministro do Ambiente falou em divergências profundas. A que se referia?

É uma pergunta para o ministro responder, não para nós. Nós sempre estivemos abertos ao diálogo e não estamos contra a concorrência. Só combatemos a ilegalidade. 

Reuniram-se na passada sexta-feira com o Presidente da República, tendo saído de lá satisfeitos. O que vos foi prometido para que tivessem decidido suspender os protestos, nomeadamente o que estava agendado para esta segunda-feira? 

Ao contrário de outros, nós não trazemos para a rua uma audiência privada. Sermos ouvidos é muito importante e, depois dessa reunião, temos a certeza de que o Presidente da República, que já tirou fotos dentro de um táxi porque ser taxista é uma profissão séria e honrada que merece respeito, tem hoje uma melhor perspetiva do que está em causa e da bondade das nossas reivindicações.

Que próximos passos serão dados no sentido de terem uma resposta para as vossas reivindicações? 

Vamos estar abertos ao diálogo, daremos contribuições para a modernização do setor e aguardaremos pelo diploma que o Governo apresentará. Só depois disso agiremos consoante o resultado do nosso diálogo.

Temos a certeza de que o Presidente da República, que já tirou fotos dentro de um táxi porque ser taxista é uma profissão séria e honrada que merece respeito, tem hoje uma melhor perspetiva do que está em causaA 'luta' contra a Uber não poderá ser em vão tendo em conta o inevitável crescimento da tecnologia e de plataformas idênticas a esta?

A luta contra essas multinacionais é pela legalidade. Nós não somos contra as plataformas, aliás, várias entidades do setor têm já plataformas ao dispor das pessoas que as quiserem usar.

A chegada da Uber parece ter ajudado a modernizar um pouco o mundo dos táxis, com a 99 Taxi, por exemplo. Será a concorrência mais uma forma de fazer crescer o setor? Há necessidade de mudar o tratamento que é dado aos clientes?

Todos os dias o nosso setor pretende ser melhor. Sabemos que não é uma maravilha, temos muito que melhorar, temos de dar resposta a quem reclama e dar oportunidades a quem nos quer dar sugestões e estamos a dar passos para isso. Queremos modernizar-nos mas temos a concorrência da precariedade contra quem paga salários e impostos. As pessoas têm de saber que a crise afeta todas as atividades e atingiu fortemente a nossa.

Em alguns países, Uber e táxis têm cada um o seu espaço. Uma coexistência pacífica jamais será possível em Portugal?

As pessoas conhecem pouco a realidade de outros países, onde as plataformas são legalizadas e posteriormente convivem normalmente com o setor já existente. Nós queremos trabalhar tranquilamente e servir bem as pessoas, isso é que nos interessa. 

O setor tem, de facto, capacidade para se reinventar? O que podemos esperar dos táxis a curto/médio prazo?

O setor de tudo fará para melhorar, acompanhar as novidades, adaptar-se aos novos tempos e estamos preparados. Não sabemos tudo e por isso contamos com as sugestões das pessoas que viajam, dando-nos a sua confiança. Queremos implementar um código de conduta em várias áreas, queremos ter capacidade de resposta rápida para quem se queira queixar de algum serviço mal realizado. É com a contribuição de todos que melhoramos. Não é com uma série de perfis falsos nas redes sociais com campanhas negras contra nós que nos ajudam, é dando sugestões e apoiando-nos também quando temos razão. E muitas vezes temos razão.

Que comentários lhe merece a política de atribuição de licenças?

O atual regime de atribuição de licenças obedece à lei geral e aos regulamentos camarários em vigor e parece-nos correta.

Têm saído notícias sobre licenças atribuídas aos taxistas que estão a ser vendidas por valores muito elevados na internet. Como é que esta situação pode ser travada?

Neste particular, entendemos que a definição de quaisquer preços de bens com circulação no comércio é feita pelo mercado. É exatamente o que se passa!

*Pode ler a primeira parte desta entrevista aqui.

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