O sindicato refere-se ao documento "Da crise à convergência: traçar um rumo para Portugal", editado em livro e cuja apresentação decorreu hoje na Nova School of Business and Economics, em Lisboa.
"A recomendação da rápida diminuição de professores, a contenção de progressões, entre outros cortes envolvendo custos com funcionários, em nada contribui para melhorar o sistema de ensino", afirma o SIPE em comunicado.
O SIPE considera "completamente injustificáveis" as considerações do FMI sobre o ensino em Portugal: "Este cenário já o país conhece, daquilo a que assistimos nos últimos anos".
A estrutura sindical sublinhou que as alterações introduzidas ao longo dos últimos anos, como a criação de grandes agrupamentos escolares, o aumento do número de alunos por turma e a redução de disciplinas ligadas às artes, deixaram milhares de professores desempregados.
"O relatório assinado pelo chefe da missão do FMI em Portugal, Subir Lall, refere haver uma necessidade de adequar a dimensão dos serviços educativos, tanto a nível da rede escolar como do número de professores, alinhando o nível do pessoal com a diminuição da população em idade escolar", frisa o SIPE, contestando que a eficiência defendida pelos técnicos do Fundo Monetário Internacional se faça à custa de mais cortes no setor.
Subir Lall assinou o relatório juntamente com outros dois economistas do FMI, Dmitry Gershenson e Albert Jaeger, intitulado "Da crise à convergência: traçar um rumo para Portugal".
No documento, os três economistas olham para o que Portugal alcançou durante o resgate financeiro e indicam o que consideram que o país deve fazer para ultrapassar os desafios que se colocam, sendo que este relatório não representa necessariamente a visão do Conselho de Administração do FMI.
O chefe de missão do FMI defendeu no relatório, divulgado na terça-feira, que os ganhos de competitividade alcançados nos últimos anos "têm de ser mantidos" e que a sua sustentabilidade "não pode ser tomada como garantida".
Afirmou igualmente que Portugal não precisa de mais investimento público em infraestruturas para promover o crescimento, considerando que é preciso reforçar a educação para melhorar as competências dos trabalhadores.
Segundo a mesma fonte, Portugal deve apoiar a criação de emprego dos trabalhadores com baixas qualificações, combinado reformas direcionadas para estas pessoas com uma "política de salário mínimo prudente".