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Mina de ouro na Boa-Fé preocupa moradores

Habitantes da localidade de Boa-Fé, no concelho de Évora e onde a Colt Resources planeia abrir uma mina de ouro, manifestaram-se esta sexta-feira preocupados quanto aos impactos negativos do projecto, mas a empresa disse que serão “os mínimos possíveis”.

Mina de ouro na Boa-Fé preocupa moradores
Notícias ao Minuto

19:34 - 05/04/13 por Lusa

País Évora

“Não há bónus sem haver ónus. Quem quer receber os bónus, tem que pagar alguns ónus”, afirmou Jorge Valente, representante em Portugal da canadiana Colt Resources.

Mas a empresa, acrescentou, vai trabalhar para que “os impactos negativos sejam os mínimos possíveis” e, ao mesmo tempo, “os impactes positivos que sejam os máximos possíveis”.

Jorge Valente falava à agência Lusa após uma reunião técnica de esclarecimento, na Câmara de Évora, sobre a concessão mineira da Boa-Fé, no âmbito da consulta pública do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do projecto, em curso até dia 16.

Na sessão, várias pessoas que moram na localidade transmitiram preocupações e críticas e levantaram dúvidas, não apenas quanto aos possíveis impactos ambientais do projecto, mas igualmente sociais e económicos.

As questões mais suscitadas centraram-se na localização na Rede Natura 2000 de uma das duas cortas (áreas de extracção de ouro) previstas, nos impactos para os recursos hídricos, na barragem para depositar o minério rejeitado e nas escombreiras de inertes.

José Rodrigues dos Santos, um antropólogo que se tem dedicado ao estudo deste projeto, disse à Lusa ser contra a instalação da mina de ouro a céu aberto na Boa-Fé, na zona da Serra de Monfurado.

“A ‘prova dos nove’ de que este projecto não devia ir para a frente é o facto de não haver seguro. A empresa diz que os riscos não são muito grandes e que não vai contrair um seguro para os cobrir porque custaria muito caro e inviabilizaria o projecto”, referiu.

Ora, sublinhou o antropólogo, “o seguro só pode ser caro porque os riscos, afinal, são muito mais elevados do que eles dizem”.

José Rodrigues dos Santos afiançou que, na localidade, a implementação desta extracção mineira suscita preocupações, o que levou à criação de “um grupo informal” de moradores para analisar e estudar o EIA, do qual faz parte também Ana Cardoso Pires.

“O relatório não técnico do EIA é quase um conto de fadas: Isto é bestial, vamos ter uma actividade produtiva que é muito desejada na região, muitos postos de trabalho que são ‘pão para a boca’ da maior parte da população. Isto é muito apelativo, queremos saber é qual é a contrapartida”, afirmou.

Segundo Ana Cardoso Pires, a morar na Boa-Fé há cerca de 20 anos, tendo já visto “três empresas estudarem o filão de ouro”, a implantação deste projecto, caso avance, tem de ser acautelada porque a extracção mineira “é uma actividade completamente de risco para as populações”.

Confrontado pela Lusa com estas preocupações, o responsável da Colt Resources frisou que o projecto é acarinhado na Boa-Fé, tendo presenciado a sessão “a minoria que não está satisfeita”.

“As pessoas querem o projecto, o emprego, a formação, o dinheiro que anda à volta da operação. As vozes positivas não vieram, mas temos todos os dias ‘feedbacks’ de que o projecto é desejado”, insistiu.

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