Em declarações à Lusa à saída da reunião, na sede do executivo comunitário, em Bruxelas, Miguel Albuquerque comentou que o encontro "correu muito bem" e admitiu deixar Bruxelas mais tranquilo, sobretudo porque Jean-Claude Juncker lhe garantiu "a manutenção da unidade RUP" -- face aos "rumores" de que seria alterada esta unidade responsável pela coordenação das questões ligadas às regiões ultraperiféricas (RUP) -- e também porque se mostrou sensibilizado para as especificidades das regiões ultraperiféricas da União Europeia, entre as quais se contam Madeira e Açores.

"Colocámos algumas questões que são decisivas para o futuro destas regiões, que são regiões que têm problemas estruturais de ultraperiferia, desde os transportes, à pequena escala de produção, grande distância dos grandes centros europeus de consumo, energia (...). E a primeira questão que nós colocámos ao presidente da Comissão Europeia foi a necessidade de manter a unidade RUP no atual quadro da UE, onde somos ouvidos. Havia uns rumores de que essa unidade ia ser alterada, mas neste momento está confirmado pelo próprio presidente que vai ser mantida", congratulou-se.

Miguel Albuquerque apontou que, entre outras questões, os representantes das RUP defenderam que, nas negociações de acordos com países terceiros, como é o caso do acordo de parceria transatlântica com os Estados Unidos de comércio livre, é necessário "levar em linha de conta a necessidade de preservar as especificidades das produções próprias das regiões, que têm um efeito na própria economia e área social".

"Acho que esta reunião foi muito importante porque excedeu as nossas expetativas. Houve oportunidade de expor um conjunto de questões, e o presidente (Juncker) teve uma grande disponibilidade, não só para ouvir, mas também para tomar notas sobre questões pertinentes, com a necessidade de prosseguirmos uma política económica e social, mas não no sentido de nós pedirmos coisas à União: é do próprio interesse da UE olhar para o futuro", argumentou.

Segundo o presidente do Governo Regional da Madeira, ganhará necessariamente peso "a dimensão atlântica e intercontinental da UE", já que "o próximo grande recurso do século é a economia verde e a economia azul" e, nesse contexto, "as regiões ultraperiféricas e com vocação atlântica" terão um papel incontornável.

A concluir, Miguel Albuquerque disse deixar Bruxelas mais tranquilo, "sobretudo sobre duas questões: a manutenção da unidade RUP" e a ideia de que será mantido "um contacto mais estreito com a Comissão Europeia", cujo presidente está "atento às necessidades imperativas das regiões".