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Ataques de lobos a gado bovino aumentam a norte do rio Douro

Os ataques dos lobos ibéricos ao gado bovino e ovino aumentaram entre 2010 e 2015 no Parque Nacional de Peneda-Gerês, zona com as maiores alcateias de Portugal, indicam dados do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Ataques de lobos a gado bovino  aumentam a norte do rio Douro
Notícias ao Minuto

10:03 - 09/04/16 por Lusa

País ICNF

Dados do ICNF a que a agência Lusa teve acesso revelam que em 2010 houve 539 bovinos atacados e em 2015 o número aumentou para 671 (mais 132), tendo em janeiro deste ano havido o registo de 59 novos ataques de lobos ibéricos, animal protegido por lei.

O presidente da Cooperativa Agrícola de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca, entidade que gere a denominação de origem da carne Cachena da Peneda, contou à Lusa que tem havido mais relatos de ataques de lobos ibéricos a bovinos desta raça, mas também de outras, como Barrosã ou Mirandesa, em relação a 2010.

O aumento dos ataques dos lobos ibéricos a Norte do rio Douro explica-se porque atualmente há mais gado bovino e também porque esse gado pasta num sistema de "produção extensiva", ou seja, pastoreia livremente, explicou a engenheira agrária Beatriz Silva.

Outras razões para o aumento dos ataques dos lobos aos bovinos prende-se com a "regressão de pequenos ruminantes" nas serras e porque os lobos ibéricos são uma espécie protegida por lei que obriga inclusivamente à indemnização dos lesados.

Para combater os ataques aos bovinos, Beatriz Silva defende um repovoamento nas serras do Parque Nacional da Peneda-Gerês, com "veados, coelhos e corsas", animais ruminantes que servem de alimentação para os lobos ibéricos, um mamífero que "não ataca o homem", a não ser que se sinta ameaçado, sublinha a especialista.

"O lobo ibérico é uma espécie que tem de ser preservada, porque faz falta ao equilíbrio do habitat", recorda a engenheira agrária, considerando que o sucesso da preservação daquela espécie é "dar formação aos produtores" para que exista tanto a defesa do gado como a dos lobos, com o menor número de prejuízos para ambos os lados.

O ICNF refere que o gado ovino também sofreu um aumento de mais 14 ataques, se compararmos 2010 com 2015. Em 2010 há registos de 226 ataques de lobos ibéricos a ovelhas e em 2015 o número de ataques aumentou para 240.

O ICNF disse à Lusa que identificou "prejuízos em 5.100 animais, designadamente ovinos, caprinos, bovinos, equinos e caninos, e que os prejuízos já foram processados "para efeitos de indemnização".

Em 2010, 2012, 2015 e no mês de janeiro de 2016, inclusivamente, o ICNF confirmou "prejuízos em 5.100 animais", o que corresponde a um total de 1 milhão e 78 mil euros de indemnização.

Atualmente estão identificadas 11 alcateias na região do Parque Nacional Peneda-Gerês, que engloba os concelhos de Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Paredes de Coura, Vila Nova de Cerveira, Caminha, Viana do Castelo, Melgaço, Monção, Valença, Ponte de Lima, Terras de Bouro, Vieira do Minho, Cabeceiras de Basto e Vila Verde, enumerou o ICNF.

Há registo de abaixamento de ataques no gado caprino, com o ano de 2010 a registar 465 ataques e em 2015 menos 115 ataques a cabras (350).

Os números de ataques de lobos também baixaram em relação ao gado equino entre 2010 e 2015, diminuindo de 420 cavalos para 397, respetivamente, ou seja menos 23 cavalos atacados.

"Os equídeos defendem-se melhor em grupo e são mais ágeis", explicou Beatriz Silva.

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