Custódia Rodrigues, uma moradora do bairro que assistiu ao final da perseguição, contou ao DN o que viu. “Ele estava a ser perseguido e, após o segundo tiro, há uma cadela que se atravessa em frente à mota”, afirmou a mulher, que revelou ainda que, ao contrário do que a PSP disse em comunicado, o jovem “tinha capacete”. “Daqueles de skate com um gorro de lã por cima”, frisou.
Em declarações ao jornal i, fonte da PSP garantiu, por seu turno, que os dois tiros foram disparados para o ar, recusando a ideia de que tenham atingido Ruben Marques. “Foram feitos dois disparos de uma shotgun, que dispara balas de borracha, mas para o ar. O jovem acabou por morrer na sequência do despiste e não de disparos”, sustentou essa fonte policial.
Ontem, a edição online do Expresso avançou com a informação de que a Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) ordenou a abertura de um inquérito aos incidentes de sábado. A IGAI quer apurar se a polícia procedeu bem ou se, pelo contrário, terá usado força desproporcional. Outra das razões para a realização do inquérito é o de saber se os disparos da shotgun terão sido mesmo necessários.
Ao que o DN apurou, os autos da PSP sobre o incidente já foram enviados para a IGAI e para o Ministério Público.
Depois do acidente moradores e amigos do jovem tentaram montar um cerco à esquadra de polícia do bairro, tendo sido necessário chamar o Corpo de Intervenção da PSP para impedir que os agentes da autoridade fossem alvo de agressões.
Revoltados com a morte de Ruben Marques, que todos os moradores recusam ter sido um acidente, grupos de jovens incendiaram caixotes do lixo, vandalizaram viaturas e destruíram um autocarro na noite de sábado. Ontem, e apesar de o Corpo de Intervenção continuar no bairro, os ânimos estiveram mais calmos com alguns jovens a serem identificados pela polícia.