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Com controlo posterior, "não é preciso deixar de comer queijo"

Na semana passada, chegou a notícia que alarmou apreciadores e não só. Mais de 50 lotes de queijos da Cooperativa de Produtores de Queijo da Beira Baixa e Idanha-a-Nova foram destruídos devido à presença, em pelo menos dois lotes, da bactéria Listeria Monocytogenes. Mas que bactéria é esta e o que está em causa? Foi isso que o Notícias ao Minuto procurou saber.

Com controlo posterior, "não é preciso deixar de comer queijo"
Notícias ao Minuto

08:35 - 09/02/16 por Ana Lemos

País Saúde

Listeria Monocytogenes. O nome não diz muito e o risco para a saúde menos ainda. Trata-se de “uma bactéria patogénica de origem alimentar que é quase sempre contraída pela ingestão de alimentos contaminados”, sendo os de “origem animal, como o queijo, sempre de maior risco”.

Quem o diz é a investigadora e especialista nesta bactéria, Luísa Brito, do Instituto Superior de Agronomia (ISA) da Universidade de Lisboa, referindo que a Listeria “pode sobreviver e multiplicar-se em condições ambientais mais adversas do que outras bactérias. A capacidade de tolerar a temperatura de refrigeração é uma habilidade desta bactéria, o que dificulta o seu controlo na cadeia alimentar, onde a rede de frio tem exatamente como principal objetivo controlar o desenvolvimento microbiano”.

No entanto, explica Luísa Brito, “é facilmente destruída à temperatura de confeção dos alimentos”. O que não sucede no caso “dos queijos e produtos de charcutaria” que, em geral, “podem ser consumidos sem confeção prévia, ou com uma confeção muito ligeira”.

Comparada com a salmonella, uma bactéria mais comum, e “responsável pelo maior número de surtos de origem alimentar”, a Listeria Monocytogenes, “embora responsável por muito menos surtos, apresenta uma taxa de mortalidade que pode ser de 20 a 30%” e “é particularmente perigosa” para os habituais grupos de risco: idosos, crianças, e grávidas. Saliente-se, porém, que neste caso, não há informação de qualquer contaminação em humanos.

A este esclarecimento, o professor de microbiologia do ISA, Manuel Malfeito, acrescenta que a presença da bactéria “pode ter tido origem nos pastos ou rebanhos. Como o leite é cru, não se pode usar nenhum conservante. Mas uma vez estando [presente a Listeria], só há uma hipótese: destruir, por prevenção”. Foi, aliás, isso que aconteceu: 52 lotes de queijo, o correspondente a 29 toneladas, foram destruídos após inspeção da Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).

“Devido à origem da Listeria é possível que nada do que a cooperativa possa ter feito tenha tido influência. Ninguém vai controlar todas as cabeças de gado para saber se alguma delas está infetada. Não se consegue analisar Listeria em todo o leite que é produzido”, sublinhou. Agora, “desde que haja um controlo a posteriori, e que se perceba que já não há Listeria, não é preciso deixar de comer queijo”, esclarece o professor, rejeitando alarmismos.

"Se erámos exigentes, a partir de agora, seremos ainda mais

Contactado pelo Notícias ao Minuto, o presidente da Cooperativa de Produtores de Queijo da Beira Baixa e Idanha-a-Nova, João Fernandes, reafirmou que se tratou de “um problema interno" que têm "de resolver”.

“Trata-se de um processo normal que nós dominamos. Temos o conhecimento, o know-how e muita experiência. Por isso atuámos quando o problema apareceu”, justificou, frisando que “a seguir de certeza absoluta que não volta a acontecer. Se erámos exigentes com esta situação, a partir de agora, o que vier a ser feito, o grau de exigência será sempre muito maior”.

Visivelmente transtornado com “a exposição pública” do caso que afetou a sua cooperativa, João Fernandes garante que “o problema está a ser resolvido. Há um mês e meio que não vendemos, porque assim que foi detetado [o problema] foram tomadas todas as medidas. Ainda não sei dizer exatamente [quando retomaremos a atividade], mas será em breve”, acredita.

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