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Segurança no aeroporto dominou julgamento de alegado terrorista

As falhas de segurança no aeroporto de Lisboa dominaram hoje a inquirição de testemunhas do julgamento do cidadão angolano Gima Calunga, detido em julho de 2014, no aeroporto de Lisboa, por adesão e apoio a organizações terroristas.

Segurança no aeroporto dominou julgamento de alegado terrorista
Notícias ao Minuto

15:25 - 26/11/15 por Lusa

País Lisboa

Durante a audiência de hoje, na Instância Central Criminal de Lisboa, foram ouvidos quatro funcionários da segurança do aeroporto da capital portuguesa, um dos quais, com um cargo de chefia no setor, que chegou a admitir a existência de "falhas grandes" na segurança do aeroporto, depois de muito questionado pelo advogado das Linhas Aéreas de Angola (TAAG), que se constituiu como assistente no processo.

A existência de falhas ao nível da segurança foi, aliás, uma das pedras de toque das perguntas dos advogados de defesa do arguido, Bruno Gomes, e da TAAG, Paulo Blanco Amaral, que pretendiam ver esclarecida a possibilidade de uma pessoa entrar no aeroporto através da vedação paralela à segunda circular, e de se manter no interior das instalações do aeroporto junto ao radar velho, durante um dia, sem ter sido detetado, como aconteceu com o arguido.

Gima Calunga, cidadão de origem angolana e nacionalidade holandesa, saltou a vedação que delimita a zona da área reservada do aeroporto de Lisboa, a 02 de julho do ano passado, e, no dia seguinte, 03 de julho, cerca das 22:15, saiu do edifício onde se tinha escondido, dirigindo-se à zona de embarque, onde se encontrava uma aeronave, com centenas de passageiros, em manobras para preparar a descolagem do voo, com destino a Angola.

O arguido tinha na sua posse uma faca, com 21 centímetros de gume, como foi referido na audiência de hoje, com a qual pretendia sabotar o avião, segundo a acusação.

O Ministério Público acusou Gima Calunda de adesão e apoio a organizações terroristas e terrorismo internacional, atentado à segurança de transporte por ar, com vista ao terrorismo, e posse de arma branca.

"Desnorteado, completamente desnorteado", foi como o funcionário da segurança do aeroporto de Lisboa disse ter encontrado o arguido Gima Calunga, na madrugada de 04 de julho de 2014, quando lhe retirou a faca que este segurava atrás das costas, embrulhada num papel, disse hoje a testemunha em tribunal.

"Nunca tinha visto uma faca de cozinha tão grande", disse hoje este funcionário, sublinhando, no entanto, ter sido essa a "única altura" em que sentiu medo do arguido.

"Já antes de lhe ter retirado a faca, tinha dito que não pretendia fazer mal a ninguém", disse a propósito do comportamento de Gima Calunga, à data dos factos, sublinhando ter "a certeza" de que o arguido "não pretendia fazer mal a ninguém".

Além de quatro funcionários da segurança do aeroporto de Lisboa, o Tribunal também ouviu hoje o chefe do departamento de controlo de navegabilidade do Instituto Nacional de Aviação Civil.

Arrolado como testemunhada, mas ouvido como perito pelo tribunal, o técnico afirmou, perante o coletivo de juízes, que mesmo que o arguido tivesse cortado alguma cablagem do avião no local onde foi detetado -- junto ao trem de aterragem -- não punha em risco a aeronave.

"O que existe junto ao trem de aterragem não são cabos importantes (...) e, apesar de ser difícil cortá-los com uma faca, mesmo que o fosse, não causaria danos importantes", referiu.

O julgamento de Gima Calunga prolonga-se pela tarde de hoje, para audição de mais testemunhas.

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