Comunidade Islâmica Portuguesa condena ataques com manifestação à porta
O imã da Mesquita Central de Lisboa, Sheik David Munir, condenou hoje os ataques terroristas de sexta-feira em Paris, enquanto cerca de 30 pessoas ligadas ao Partido Nacional Renovador (PNR) se manifestavam à porta daquele templo.
© Reuters
País Atentado
"Ficámos chocados e tristes, como qualquer pessoa de bom senso. O mais chocante para um muçulmano é que quem fez aquilo seja também muçulmano, porque Islão significa Paz", afirmou hoje o sheik David Munir, dentro da mesquita, no final da oração das 19:00.
Enquanto o imã falava com os jornalistas à porta da Mesquita de Lisboa, na zona da Praça de Espanha, cerca de 30 pessoas, que agitavam bandeiras do Partido Nacional Renovador (PNR) e de Portugal, gritavam palavras de ordem como "Ação! Ação! Lutar pela nação" e iam provocando quem saía da mesquita no final da oração.
Os manifestantes começaram a juntar-se à porta da mesquita pelas 18:00, uma hora antes do início da oração que leva várias pessoas àquele tempo.
À medida que iam chegando, os crentes eram abordados por agentes da polícia que os escoltavam até à porta da mesquita. Na zona estava montado um perímetro de segurança com vários agentes da PSP a rodear o edifício.
Calmos, iam ignorando as provocações feitas por alguns manifestantes.
De acordo com o sheik Munir, as pessoas "não estavam à espera de ver tanta polícia" e durante a oração foram aconselhadas "a voltarem a casa sem interagir com as pessoas da manifestação".
Quem se dirigia para a mesquita não interagiu, mas houve transeuntes que o fizeram, insurgindo-se contra a manifestação, tendo sido insultados pelos manifestantes.
O líder do PNR, José Pinto Coelho a manifestação alegando que a Europa está "a ser invadida, com o consentimento dos regimes dos vários países".
"O Islão é ofensivo e hostil, é uma religião invasora por natureza, está nos seus genes", disse José Pinto Coelho, garantindo que o PNR acata "o direito à liberdade e tolerância. "Mas primeiro está a nossa liberdade e a nossa segurança", referiu.
Segundo o líder do PNR, "a maioria dos portugueses está contra esta invasão islâmica", mas em Portugal há "um peso social muito forte do politicamente correto".
O sheik Munir garantiu que os manifestantes "não incomodaram" os crentes, "mas incomodaram os vizinhos" da mesquita, com quem a Comunidade Islâmica tem "uma boa relação".
"Não temos culpa do que se passou lá [em Paris], também estamos tristes e fizemos orações pelas vítimas", disse.
Na rua em frente à mesquita, além das palavras de ordem dos manifestantes ouvia-se em fundo a música de José Afonso "Grândola, Vila Morena".
Pelas 19:30 já a manifestação tinha desmobilizado e a maioria dos que se deslocaram à Mesquita de Lisboa tinham abandonado o local.
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