Escavações em Proença-a-Nova revelam técnicas de construção inovadoras
As escavações no campo arqueológico de Proença-a-Nova, no distrito de Castelo Branco, estão a revelar técnicas de construção em sepulturas megalíticas até agora desconhecidas, com recurso a argamassa, disse hoje à agência Lusa o arqueólogo João Caninas.
© Reuters
País Castelo Branco
"Temos aqui uma construção completa que combina argilas com vários tipos de composição e estruturas em pedra. Podemos estar perante o protótipo do primeiro muro de dois paramentos e enchimento interno, o que mais tarde, no Calcolítico, surge em povoados fortificados", disse João Caninas.
O arqueólogo falava hoje durante uma conferência de imprensa realizada no campo arqueológico de Proença-a-Nova, cuja quarta edição das escavações se iniciou a 03 de agosto e termina este sábado.
Este responsável realçou que é preciso aguardar pelos resultados laboratoriais finais.
Contudo, adiantou que da análise química preliminar feita aos materiais encontrados na mamoa do Cabeço da Anta, "provavelmente, surge aqui a primeira argamassa" utilizada na construção deste tipo de monumentos.
"Com a informação que temos, é a primeira argamassa detetada na construção destes monumentos", sublinhou.
As escavações arqueológicas concentram-se em duas sepulturas megalíticas situada nas Moitas (Cimo do Vale de Alvito e Cabeço da Anta), num recinto murado, provavelmente da idade do bronze, situado na Serra das Talhadas (Chão do Galego) e no Forte das Baterias (Catraia Fundeira).
Na quarta edição do campo arqueológico de Proença-a-Nova, criado em 2012, participam sete arqueólogos e alunos de arqueologia oriundos das Universidades do Porto, Coimbra, Lisboa, Faro e da Universidade de Alcalá de Henares (Espanha) e Beijing Language and Culture University (China).
João Caninas adiantou ainda que este ano se destacam algumas inovações aplicadas no domínio do trabalho arqueológico de campo, com recurso a novas tecnologias.
"Referimo-nos ao registo, integralmente digital, dos dados obtidos em campo através de uma plataforma 'online' e à substituição dos desenhos de campo, até aqui feitos à vista, por registo fotogramétrico tridimensional", explicou.
Segundo este responsável, estas inovações têm a vantagem de permitir acelerar o ritmo da escavação arqueológica e de facilitar a edição de relatórios e de aumentar a possibilidade de relacionar e representar os dados armazenados em suporte digital.
"Do que conhecemos no meio arqueológico, isto é inovador em Portugal", disse.
O campo arqueológico de Proença-a-Nova é organizado pela Associação de Estudo do Alto Tejo e Câmara de Proença-a-Nova e conta entre os seus parceiros como universidades portuguesas e espanholas, centros de investigação, empresas privadas, Geopark Naturtejo e ainda com a participação singular de diversos investigadores.
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