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Legislação na área da proteção das crianças tem "erros básicos"

A Associação Portuguesa para a Igualdade Parental e Direitos dos Filhos (APIPDF) considerou hoje que a legislação recentemente aprovada na área da proteção das crianças contém "alguns erros básicos" resultantes da "falta de reflexão" com entidades do setor.

Legislação na área da proteção das crianças tem "erros básicos"
Notícias ao Minuto

11:37 - 31/07/15 por Lusa

País Associação

Em comunicado, a associação faz um balanço da legislação aprovada nos últimos meses da legislatura e que "afeta diretamente as crianças e suas famílias", nomeadamente a Agenda da Criança, o Sistema de Promoção e Proteção de Crianças e Jovens, violência doméstica e o crime de perseguição.

"Todo o processo legislativo não correu da melhor forma, não permitindo a audição atempada de entidades e personalidades relevantes nas respetivas áreas", mas também de entidades com "visões diferentes", sublinha.

Para a APIPDF, esta "falta de reflexão" traduziu-se em "alguns erros básicos, tornando a aplicação dos princípios constantes no articulado letra morta ou em orientações pouco refletidas de resultados futuros" que colocam reservas à associação.

Relativamente à reforma da organização tutelar de menores (agora chamado Regime Geral do Processo Tutelar Cível), a associação considera-a central quanto às práticas judiciais para a resolução dos conflitos parentais", que persistem na sociedade portuguesa, com "consequências cada vez mais visíveis" nas crianças.

Apesar de considerar que os princípios subjacentes a este projeto de lei vão na "direção certa", como a introdução de celeridade nos processos, redução ao recurso a articulados que em nada servem os interesses das crianças e privilegiando a oralidade e o princípio da consensualização, a associação entende que "a sua materialização legislativa ficou muito aquém do pretendendo, levantando inclusive dúvidas quanto à sua coerência jurídica".

Sobre a reforma do Sistema de Promoção e Proteção de Crianças e Jovens, afirma que foram acauteladas na lei algumas das preocupações da APIPD, como uma maior coordenação das Comissões de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) com o Ministério Público, mas considera que há outras matérias que "ficaram aquém do esperado", como a composição e funcionamento das Comissões Alargadas.

"Se tais alterações não se traduzirem numa massiva formação de todos os elementos que integram as Comissões Alargadas, corre-se o risco de tais modificações demorarem a ser implementadas no tempo, com consequências negativas nas respostas às crianças", sublinha.

A associação vê também com preocupação "o esvaziamento das CPCJ" com técnicos indicados pelos organismos públicos, apontando-se "o caminho da contratualização com as IPSS, onde entendimentos de intervenção são naturalmente diferentes, com as suas idiossincrasias próprias dessas organizações e que se podem traduzir em prejuízos na intervenção junto das crianças em perigo e suas famílias".

Saúda ainda a obrigatoriedade de comunicação das decisões transitadas em julgado no âmbito do crime de Violência Doméstica às secções de família e menores.

Mas aponta como falha nesta matéria "a falta de coordenação do Ministério Público entre a área criminal e cível, não conseguindo separar e dar atenção às denúncias verdadeiras das denúncias falsas", ato fundamental para que os recursos não sejam consumidos em casos que não se justificam.

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