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Faculdade Motricidade Humana está a criar "sinais que podem salvar vidas"

Apenas um terço das pessoas segue os sinais de emergência em situações de perigo num edifício, segundo um trabalho da Faculdade de Motricidade Humana (FMH), que está a desenvolver "sinais que podem salvar vidas".

Faculdade Motricidade Humana está a criar "sinais que podem salvar vidas"
Notícias ao Minuto

10:58 - 29/05/15 por Lusa

País Notícias

Numa situação normal "as pessoas até cumprem" os sinais (como de saída de emergência) mas "numa situação crítica a maior parte, 65,6 por cento, não cumpre. Vai para sítios contrários", explicou à Agência Lusa um dos autores do estudo científico, Francisco Rebelo, professor de ergonomia na FMH.

É por isso que, diz, a equipa está a trabalhar nos "sinais do futuro", que podem ser "mais úteis e multimodais", que podem ser "personalizados, que aparecem no momento certo, que dão mais informação", e que por isso são sinais "que salvam vidas".

E nos testes em laboratório que foram feitos até agora e utilizando sinais dinâmicos a totalidade das pessoas que participaram seguiu a direção do aviso. Tal não aconteceu com sinais de segurança estáticos (ISO).

O trabalho da equipa, quase uma dezena de pessoas, de vários países, tem em conta uma série de fatores resumidos assim por Francisco Rebelo: "o aviso tem de chamar a atenção, tem de me prender e tenho de o compreender. Depois de o compreender tenho de acreditar na mensagem e tenho de ter motivação para a cumprir".

Os sinais "do futuro, de base tecnológica", diz, estão a ser pensados para edifícios complexos, como hospitais, universidades ou centros comerciais e de congressos. E são fruto de um trabalho que começou em 2007 e que já teve um apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) de quase 200 mil euros.

Diz o professor que "para chegar aos tais 65,6 por cento" foram precisos anos mas que esse é "um número científico". E diz que nesta área havia poucos estudos, sendo o trabalho na FMH praticamente pioneiro a nível mundial.

Até chegar ao principal objetivo da equipa, criar sinais que salvam vidas, foi preciso fazer tudo, de pesquisas a testes, envolvendo mais de mil pessoas que participaram em experiências usando a realidade virtual, por exemplo uma projeção em três dimensões de um hotel com muitos corredores onde de repente há um incêndio.

E foi preciso mostrar que a realidade virtual é uma boa forma para desenvolver pesquisa e que o meio envolvente influencia na tomada de decisões, como a de optar por um corredor num hotel. As pessoas preferem corredores mais iluminados e mais largos, especialmente se forem ambas as coisas, conclui um dos estudos da equipa.

E outro, colocando corredores largos e iluminados mas sinais indicando o caminho para corredores mais estreitos escuros, concluiu que as pessoas tendem a seguir os sinais mas que numa situação de emergência já não o fazem.

A realidade virtual permite desenhar cenários quase reais e simular situações de risco mas mantendo as pessoas seguras. Paulo Noriega, outro dos investigadores, explica que a equipa estuda também formas de impedir que numa situação de emergência as pessoas sigam outras que vão numa direção errada.

"Ainda estamos a implementar um conceito", diz, explicando que os "sinais que salvam vidas" também podem ser sonoros ou até personalizados.

E o melhor, contrapõe Francisco Rebelo, é que podem ser colocados desde já e a um custo baixo. "Basta as pessoas quererem, são fáceis de implementar e de utilizar".

Virtualmente são um sucesso: quem chega a um hotel atrasado para uma conferência e ignora diversos sinais fixos de vários perigos consegue salvar-se quando há um incêndio.

Cientificamente também, dizem os responsáveis. Na ErgoVR, uma unidade do Laboratório de Ergonomia da FMH, há um cartaz que é também o lema do grupo: "Eu vi o futuro e ele é virtual".

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