Foi assessor de Sócrates, está ligado a Costa e foi alvo de buscas
Buscas realizaram-se no âmbito da Operação Marquês, a mesma que levou José Sócrates ao estabelecimento prisional de Évora onde se encontra detido desde 24 de novembro por ser suspeito de crimes de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais.
© Reuters
País Investigação
Vítor Escária foi assessor económico de José Sócrates durante os dois mandatos à frente do Governo. De acordo com o jornal SOL, o economista que é professor no ISEG foi, em março, alvo de buscas e até esteve sob escuta.
Em causa, explica a mesma publicação, negócios ligados à Venezuela e a Moçambique, sendo que os investigadores acreditam que o economista tenha sido uma ‘ponte’ entre o então primeiro-ministro e negócios além Estado.
Em 2010, recorda o SOL, José Sócrates viajou até à Venezuela. Deste encontro entre o ex-primeiro-ministro português e o então presidente venezuelano, Hugo Chávez, resultaram acordos de cooperação entre os dois países que englobaram também adjudicações de obras com o Grupo Lena – o mais importante dizia respeito à construção de casas nos arredores da capital venezuelana e que ficara a cargo da referida construtora.
Os investigadores, revela o SOL, acreditam que este tenha sido um esquema que permitiu a José Sócrates receber milhões de euros ‘por fora’.
“Estive envolvido no processo da Venezuela, mas só quando se dá a visita é que o Grupo Lena nos pediu apoio para a celebração do contrato. Mas foram celebrados dezenas de contratos e passaram todos pelas minhas mãos”, disse ao SOL Vítor Escária.
O economista, que pertence ao grupo de 12 especialistas que elaborou o documento do PS ‘Uma década para Portugal’ e que foi recentemente apresentado por António Costa, garantiu ainda que já estava à espera que viesse a ser envolvido na investigação.
“Desde que Sócrates foi detido e com as notícias que vieram a público percebi logo que, mais cedo ou mais tarde, isto iria acontecer, uma vez que fui membro da comissão mista que havia com a Venezuela”, admitiu o professor universitário, garantindo, porém, que se limitava a fazer “diplomacia política e não negócios particulares”.
Além da Venezuela, na mira dos investigadores estão também conversações com a Presidência da República moçambicana em 2013, já depois de Sócrates ter saído do governo.
“Após a saída do Governo, ele pediu-me contactos institucionais como quando estava no Governo. Agora, com quem ele ia falar não sei. Numa das vezes pediu-me para estabelecer contactos com Moçambique porque queria ir falar com o Presidente. Tratei das coisas, mas não sei nada sobre o que se passou”, revelou.
Para os investigadores, este é um facto que levanta a suspeita de que Vítor Escária facilitou negócios a José Sócrates já depois da sua colaboração governamental e, como consequência, também o Grupo Lena terá beneficiado destes contactos.
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