Homem confessou ter matado a mulher com uma faca
O homem acusado de ter matado a mulher com golpes de faca de cozinha, em Paredes, admitiu hoje o ato, mas disse ao tribunal estar arrependido e que não tinha intenção de tirar a vida.
© Reuters
País Paredes
"Estou muito arrependido, mas eu estava totalmente perdido e já não via nada à minha frente", afirmou, chorando perante o coletivo do Tribunal de Penafiel,
O arguido, de 67 anos, explicou o homicídio, praticado no dia 30 de agosto de 2014, na habitação do casal, em Lordelo, Paredes, como reação ao facto de a mulher, de 66 anos, lhe ter dito, pouco antes do incidente, que o traíra três vezes e que tinha intenção de o voltar a fazer.
Naquele momento, a vítima também terá avisado o marido que iria mudar-se para a casa de uma irmã, na Maia, para "nunca mais voltar".
"Eu faço o que quero e tudo fazes o que queres", terá dito a vítima, segundo o relato do arguido hoje em tribunal.
"Revoltado", o homem pegou numa faca de cozinha e atingiu a mulher, que estava deitada numa cama, com vários golpes. Segundo o arguido, a vítima tentou fugir e nesse momento, já fora da habitação, foi atingida nas costas por três golpes. Ao todo, segundo a acusação, foram desferidos 14 golpes.
"Fiquei cego", exclamou, murmurando: "Nunca tinha pensado tirar a vida à minha mulher".
Gravemente ferida, pouco depois das 16:00, a vítima pediu ajuda aos vizinhos. Apesar de transportada de ambulância para o Hospital de Penafiel, acabou por morrer, segundo a acusação, em resultado dos golpes profundos que sofreu na zona pulmonar.
Após o crime, o homem trocou de roupa e deslocou-se de carro para o posto da GNR de Lordelo, onde se entregou, confessando o crime.
Ao tribunal, o suspeito disse hoje que sofria, há vários anos, com a desconfiança de que a esposa teria um amante, mas que nunca tivera a coragem de a confrontar com a suspeita.
"Nunca tive coragem de falar com ela nem contei nada a ninguém. Aguentei tudo", afirmou.
Declarou também que, cerca de três meses antes do incidente, fora gozado por clientes que frequentavam o mesmo café e que insinuavam que ele estava a ser traído.
"Eu ficava muito revoltado", declarou.
O suspeito acrescentou ao coletivo que gostava da mulher, com quem estava casado há 49 anos e com quem tivera cinco filhos, não suportando a ideia de poder perdê-la.
Afirmou até que não se importava de dormirem em camas separadas, o que já acontecia há meio ano, "só para manter as aparências" junto dos filhos e dos vizinhos.
Na sessão de hoje, um inspetor da Polícia Judiciária disse ao tribunal ter ficado convencido de que o homicídio não tinha sido premeditado pelo arguido.
"Ele estava triste, arrependido e destroçado", contou, referindo-se ao estado em que encontrou o homem nas perícias após o homicídio.
Questionado sobre uma faca encontrada no seu carro, o suspeito disse que a colocou lá para um dia se suicidar, negando que se destinasse a matar o suposto amante, como declarara perante a juíza de instrução que ordenou a sua prisão preventiva.
A próxima sessão ficou marcada para o dia 20 de maio, às 14:00, data em que deverá ser presente o relatório da perícia psiquiátrica feita ao arguido.
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