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25 de Abril: Cavaco volta a apelar a consenso entre partidos

As comemorações dos 41 anos do 25 de Abril no parlamento ficaram hoje marcadas pelo retomar do apelo do Presidente da República, para a necessidade de compromissos interpartidários como forma de garantir a estabilidade e a governabilidade do país.

25 de Abril: Cavaco volta a apelar a consenso entre partidos
Notícias ao Minuto

15:10 - 25/04/15 por Lusa

País Presidente da República

No dia em que também passam 40 anos das primeiras eleições universais, livres, para a Assembleia Constituinte, Aníbal Cavaco Silva proferiu o seu último discurso de 25 de Abril, uma vez que concluirá o segundo mandato em março de 2016.

Também Assunção Esteves fez a sua última intervenção nesta data, enquanto presidente da Assembleia da República.

"Ao fim de quatro décadas de democracia, os agentes políticos devem compreender, de uma vez por todas, que a necessidade de compromissos interpartidários é intrínseca ao nosso sistema político e que os portugueses não se reveem em formas de intervenção que fomentam o conflito e a crispação e que colocam os interesses partidários de ocasião acima do superior interesse nacional", afirmou o chefe de Estado na sessão solene do 25 de Abril, na Assembleia da República.

Retomando os apelos ao consenso e diálogo, Cavaco Silva sublinhou que só desse modo será possível alcançar "compromissos imprescindíveis para garantir a estabilidade política e a governabilidade do país" e para enfrentar com êxito os desafios que o futuro coloca.

Nas leituras ao discurso do Presidente da República (PR), os partidos da direita aplaudiram a necessidade de consensos enquanto à esquerda as forças políticas sublinharam que Cavaco Silva saiu em defesa da direita.

O vice-presidente do PSD José Matos Correia aplaudiu as referências do PR à necessidade de consensos, responsabilizando o PS por não terem sido possíveis compromissos em áreas estratégicas, como a Segurança Social.

Pelo CDS, Filipe Lobo D´Ávila afirmou: "Não me parece que seja uma colagem com o discurso do Governo, bem pelo contrário, parece-me um discurso bastante realista com o esforço que o país fez nos últimos anos e sobretudo com os desafios que tem de enfrentar nos próximos anos".

À esquerda, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou o discurso de Cavaco Silva "um fraco testamento".

"É um discurso, de facto, de um fraco testamento, apenas um apelo a que se salve a política de direita", sublinhou Jerónimo de Sousa.

A porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, considerou que o melhor do discurso de Cavaco Silva é "ser o último" enquanto Presidente da República e disse ter ficado com dúvidas se "não seria Passos Coelho ou Paulo Portas quem estava a fazer a intervenção".

O deputado de "Os Verdes" José Luís Ferreira acusou o PR de proferir uma intervenção que foi "um aplauso às políticas do Governo" e de pedir "consensos em torno da austeridade".

O secretário-geral do PS, que falou mais tarde e na sede nacional dos socialistas, recusou os apelos ao seu partido para "compromissos, consensos ou conciliação" com o Governo, contrapondo que o voto é a arma do povo e que a escolha se faz entre alternativas.

"Que ninguém peça ao PS compromissos, consensos ou conciliação com a política que quer mudar", declarou António Costa.

Também comentando o discurso de Cavaco Silva, o ex-presidente da República Ramalho Eanes defendeu a necessidade de entendimentos em áreas fundamentais e considerou que, sem liberdade e igualdade de oportunidades, a democracia torna-se "uma designação de fachada".

Por seu lado, o antigo chefe de Estado Mário Soares e o ex-candidato presidencial Manuel Alegre recusaram-se a comentar o discurso do PR, no parlamento, alegando ambos que não o ouviram. Ambos estiveram ausentes do parlamento nas comemorações do 25 de Abril.

No 41.º aniversário do 25 de Abril, o cante alentejano marcou o início da cerimónia solene na Assembleia da República, com o tema "Grândola, vila morena" a ser entoado das galerias por um grupo coral de Serpa.

Nos seus discursos na sessão solene, PCP, BE e Verdes acusaram os sucessivos Governos de desvirtuarem as conquistas do 25 de Abril e os "executantes da política de direita" de quererem manter a austeridade, uma crítica estendida pelo BE ao Presidente da República.

O líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, criticou os que apresentam a austeridade "como o alfa e o ómega, o princípio e o fim de todas as escolhas".

Na mesma linha, a deputada do PCP Carla Cruz considerou que os progressos de Abril "têm vindo a ser seriamente atacados e destruídos, em especial nos últimos anos", e criticou os que cortaram salários e pensões para continuarem a pagar juros "de uma dívida insustentável", empobrecendo o povo e aumentando os lucros do grande capital.

O deputado socialista Miranda Calha, vice-presidente da Assembleia da República e deputado da Assembleia Constituinte eleita em 1975, fez uma veemente defesa do "primado da política" perante "extremismos populistas" e a "economia especulativa" e sustentou que a substância democrática da Constituição será "confirmada" nas próximas eleições legislativas e presidenciais.

O deputado do CDS-PP Michael Seufert defendeu que é legítimo perguntar àqueles que, nos últimos quatro anos, se insurgiram contra alegadas traições à revolução dos cravos, não onde estavam no dia 25 de Abril, mas onde estavam "quando Portugal foi conduzido à bancarrota".

O deputado social-democrata Fernando Negrão defendeu que o país precisa de "novos consensos" de médio e longo prazo e apontou que o bem-comum exige a refundação da "subordinação do poder económico ao poder político", consagrada na Constituição.

Além da Assembleia da República, onde foi também inaugurada a exposição "Todos às urnas!" sobre a Assembleia Constituinte, a Avenida da Liberdade, em Lisboa, será o segundo palco das comemorações durante a tarde.

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