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Eles também são agredidos... mas ninguém acredita

Homens vítimas de violência doméstica contam como é difícil fazer com que autoridades e associações acreditem nas suas histórias.

Eles também são agredidos... mas ninguém acredita
Notícias ao Minuto

08:24 - 14/03/15 por Notícias Ao Minuto

País Violência doméstica

A violência doméstica deixou de ser um tabu na sociedade, mas não para todos. Se cada vez mais se incentiva mulheres a denunciarem maridos agressivos, o mesmo não acontece com os homens.

Além de terem vergonha de assumirem que são mal-tratados pela mulher, estes passam também pela difícil tarefa de conseguir convencer agentes da autoridade e associações de apoio que são vítimas de situações deste género.

Fernando e Alexandre são dois exemplos disso e contaram a sua história ao Jornal i. Ambos vítimas de violência doméstica, tiveran, no entanto, sortes diferentes.

Fernando conheceu a mulher através da internet. Ele vivia em França e ela estava em Portugal. Ele tinha 60 anos e ela 31. Conta que foi depois de se mudar para Paris e de ficar grávida que se tornou mais agressiva, insultando-o por diversas vezes. Chamava-o de velho e dizia que era um inútil. Depois acalmava.

Fernando achava que era por estar longe de casa e com saudades da família e por isso tentava levar tudo com calma. Mais tarde vieram as agressões. O homem chegou a ir à polícia mas revela que havia "um desinteresse muito grande em relação ao meu caso". "Mais tarde, vim a saber que nem registaram o pedido de apoio por escrito", lamenta. Na PSP, chegaram a dizer-lhe que desistisse, pois jamais iria conseguir provar que a mulher lhe batia.

Um dia perdeu a cabeça: agarrou-lhe os braços, encostou-a à parede e disse-lhe que não lhe voltaria a bater. Ela correu para o hospital, com os braços marcados, alegando que era vítima de violência domestica. Fernando foi julgado e condenado a três anos de prisão com pena suspensa.

Alexandre teve melhor sorte. Um dia, após mais uma discussão, o homem saiu de casa com a camisola rasgada e o peito cheio de sangue. Voltou mais tarde para ver se a filha estava bem. E tinha a mulher à sua espera atrás da porta, para lhe acertar com as chaves nos olhos. Os gritos conseguiam ouvir-se à porta do prédio e a agentes da PSP no local deram conta da situação.

Em Portugal, em 20% dos casos de violência doméstica os agressores são elas, embora raramente sejam julgadas e quase nunca condenadas, escreve o jornal i. Em causa está o facto de a nossa cultura incentivar a ideia de que o homem é que comanda a relação e, por isso, não levar a sério estas denúncias.

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