“Não confundo a prisão de um ex-primeiro-ministro com o partido a que ele pertence. [A detenção de Sócrates] não é de todo um caso político”, comenta, em declarações ao Diário Económico, Fernando Negrão, deputado do PSD responsável pela Comissão Parlamentar ao caso BES.
O responsável político da ala ‘laranja’ garante, todavia, que não perceberia a detenção de José Sócrates e a sua manutenção em prisão preventiva caso não houvessem indícios suficientes para sustentar esta decisão, mas assume que esta pode ser mal percebida pela sociedade, sobretudo, devido à falta de informação sobre o caso.
“Não vejo que um juiz tomasse uma decisão daquela [prisão preventiva] sem ter os indícios necessários para o fazer. (…) Há pouca informação para o cidadão, pouca informação sobre as decisões que se tomam, que muitas vezes se tornam incompreensíveis, quando muitas vezes a Justiça tem toda a razão”, esclarece Negrão sobre o caso particular.
Para finalizar este tema, mas agora sobre a perspetiva da violação do segredo de Justiça e impossibilidade de Sócrates dar entrevistas, Negrão garante que o antigo primeiro-ministro é tratado como todos os outros detidos.
“O engenheiro José Sócrates é um homem que está detido, com os mesmos direitos e deveres de todos os outros quase 14 mil que também estão detidos, uns em prisão preventiva e outros não. [Porém], como o sistema judicial não dá informação, o sistema prisional acanha-se”, explica o social-democrata sobre a proibição de entrevista ao ex-líder do PS.
Depois de esta semana Pedro Passos Coelho ter estado na linha de fogo política, questionando a carreira contributiva, nomeadamente uma dívida à Segurança Social, Negrão garante que Passos é “um homem como outro qualquer” e que o primeiro-ministro não teve “uma vida fácil”.
“[Passos] é um homem como outro qualquer, que tem a sua vida privada, que teve a sua vida profissional. (…) O que vemos é a vida de um homem que em determinados momentos não teve dinheiro para pagar um determinado imposto e que foi adiando para eventualmente mais tarde poder pagar o que estava em falta”, atira Negrão num primeiro ponto.
Posteriormente, afirmando que não quer “entrar em aspetos de natureza pessoal”, o parlamentar garante que Passos Coelho “não foi um homem que teve uma vida fácil, nunca foi um homem rico e passou pelas dificuldades que muitos portugueses passam relativamente ao pagamento de impostos e contribuições de toda a natureza”.