A história da Dona Rosa é um exemplo da expressão que nos diz que, ao longo de uma vida, estamos sempre a aprender. E no caso desta senhora que fará 90 anos daqui a um mês, esta máxima foi levada muito a preceito. Conta com duas licenciaturas e já está a terminar a sua tese de mestrado. O próximo passo está decidido: a tese de doutoramento.
A história da aluna mais velha da Universidade Autónoma de Lisboa – onde até já foi colega de um dos bisnetos – é contada pelo site Boas Notícias, que entrevistou a senhora que tinha já 13 anos de idade quando começou a andar na escola.
A vida nunca lhe facilitou os estudos. Mas Dona Rosa estudou sempre que pôde, acumulando por vezes turnos em dois hospitais, como o fez na altura em que trabalhava na Ordem Terceira e na Estefânia, enquanto concluía o 12º ano do liceu, com o intuito de pedir a equivalência da licenciatura de Enfermagem.
Casada aos 20 anos, Dona Rosa deixou os estudos para segundo plano. Dedicou-se a educar os dois filhos. O marido faleceu ao fim de 14 anos de casamento. O filho mais velho morreu atropelado, aos nove anos. Já o mais novo cresceu e, agora com 70 anos, deu à Dona Rosa a alegria de quatro netos e cinco bisnetos.
Esta senhora que é um exemplo de perseverança já estava reformada, aos 70 anos, quando terminou o curso de Sociologia, em 1995. A Universidade Autónoma de Lisboa desafiou-a mais tarde a estudar Psicologia. Em 2011, ao fim de três anos, licenciou-se pela segunda vez.
Em Março, Dona Rosa entrega a sua tese de mestrado intitulada ‘A dor, o sofrimento e o preço oculto a pagar pela vida’. “Preço oculto”, adiantou ao mesmo site, refere-se à morte “porque não sabemos quando morremos”, explica esta senhora que, entretanto, se prepara para avançar para sua tese de doutoramento, que será sobre o ‘Envelhecimento saudável ativo e o seu genoma’, um tema de que Dona Rosa parece ser um exemplo claro.
Sobre estudar numa altura em que as novas tecnologias são essenciais, Dona Rosa admite ao Boas Notícias que ainda escreve “tudo à mão”. Demora mais tempo a passar textos ao computador porque “só uso dois dedos e demora muito”, explica. Sem problema: por vezes ‘contrata’ um dos colegas para lhe passar a computador o que escreveu à mão: "É bom para eles, que ganham dinheiro, e para mim que poupo tempo!".