O esquema era bastante simples: comprar terrenos a um preço barato num dia e no dia seguinte vendê-los a preços exorbitantes à Auto Estradas do Douro Litoral (AEDL), o que garantia uma grande percentagem de lucro.
A notícia avançada pelo Jornal de Notícias na edição de domingo dava conta de um esquema fraudulento através do qual o empresário Vítor Batista, de Vila Nova de Gaia, terá lucrado 13 milhões de euros. O também contabilista tinha ligações a João Malheiro Reymão, engenheiro da Brisa que representava a AEDL nos contratos de expropriação, que alegadamente lhe terá passado informações sobre os terrenos que seriam expropriados.
Conta a mesma publicação que, em maio de 2011, Vítor Batista adquiriu, no dia 11, duas parcelas de terreno na zona de Gião, em Santa Maria da Feira, que foram vendidas no dia seguinte à AEDL, concessionária do Estado, por 280 mil euros para que fosse construída A32.
Mas este não é caso único. De acordo com as escrituras que o Jornal de Notícias tem em sua posse, a 7 de março de 2011 Vítor Batista comprou outros dois terrenos, desta feita em Olival, Gaia. Nove dias depois vendeu-os à AEDL por um total de 164.700 euros.
Os suspeitos, em cujas casas foram feitas buscas, terão incluído nas expropriações áreas superiores à abrangida pela declaração de utilidade pública, classificado indevidamente parcelas de terreno como urbanizáveis e com capacidade construtiva, adquirido de forma injustificada áreas sobrantes e ainda pago avultados valores por benfeitorias nos terrenos que não estavam documentadas.
Os indícios de corrupção e participação económica em negócio dizem respeito aos anos 2008 a 2012 e envolvem terrenos destinados à construção da A32, A41 e A43.