"A responsabilidade é da Estradas de Portugal (EP). Os municípios não estão disponíveis para apoiar a obra", respondeu aos jornalistas o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, à margem de uma conferência de imprensa da Frente Atlântica para apresentação da iniciativa "Carta para a Saúde".

O presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, divulgou na segunda-feira que aquela autarquia, juntamente com o Porto, iria avançar junto da EP com um pedido de intervenção urgente no tabuleiro inferior da ponte Luís I.

Para Eduardo Vítor, a situação atual é "absolutamente escandalosa" naquela via onde "as pessoas já não conseguem andar nos passeios", pelo que ainda não se assistiu a "um desastre porque não calhou".

Em resposta ao Jornal de Notícias, a EP anunciou ter reservado 500 mil euros para reparar o tabuleiro em causa, devendo o concurso público ser lançado este ano.

"Vão afetar 500 mil euros a uma obra de arte como se isso fosse extraordinário", disse hoje o presidente da Câmara de Gaia.

Para Eduardo Vítor Rodrigues, se a EP já tivesse feito a manutenção daquele tabuleiro da ponte, a situação não seria "inadmissível" como é.

"Neste momento, [aquele tabuleiro] é um péssimo cartão-de-visita", sublinhou o autarca.

Rui Moreira afirmou ficar satisfeito se a EP entende que 500 mil euros são suficientes, mas defendeu que "a obra tem que ser feita de forma paulatina".

Aquela travessia inferior "é vital para ligação entre as duas cidades", frisou Moreira, ressalvando que "não é fácil" a colocação de passeios exteriores naquele tabuleiro.

Numa nota enviada hoje à Lusa, a EP salienta que "a manutenção do tabuleiro rodoviário da ponte Luís I apenas passou para a responsabilidade da empresa em março do ano passado".

"De imediato a EP realizou uma vistoria ao tabuleiro inferior e nesta inspeção verificou a necessidade de intervenção", refere a empresa, acrescentando que os trabalhos a realizar, avaliados em meio milhão de euros, "visam a reparação dos passeios, dos guarda-corpos, das juntas de dilatação, do sistema de drenagem e do pavimento da via", bem como "intervenções de reparação, tratamento e proteção da estrutura".

Já em relação à ponte Infante D. Henrique, que será alvo de um estudo do LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil) de segurança rodoviária, proposto pela Secretaria de Estado dos Transportes, Rui Moreira disse apenas que os dois municípios "não se conformam com a tentativa do Estado em atribuir-lhes" a responsabilidade da sua manutenção.

O protocolo de colaboração entre aquele laboratório e as câmaras de Porto e Gaia para o estudo surgiu após a polémica em torno de um parecer publicado em abril de 2014 segundo o qual a responsabilidade pela conservação da rodovia daquela ponte recai sobre os dois municípios.

Gaia chegou a avançar com uma providência cautelar contra a decisão do Governo de responsabilizar os municípios pela ponte que acabou indeferida.

[Notícia atualizada às 16h38]