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Um em cada três jovens de Viseu sente sono durante o dia

Um estudo realizado em 26 escolas públicas do terceiro ciclo do ensino básico e secundário do distrito de Viseu aponta que um em cada três adolescentes (dos 12 aos 18 anos) sente sonolência durante o dia.

Um em cada três jovens de Viseu sente sono durante o dia
Notícias ao Minuto

09:23 - 01/02/15 por Lusa

País Estudo

"Os adolescentes disseram ter sono durante o dia e alguns deles que até já tinham adormecido na sala de aula", contou à agência Lusa Odete Amaral, autora do estudo e docente da Escola Superior de Saúde de Viseu (ESSV).

O estudo de caracterização do sono dos adolescentes do distrito de Viseu baseou-se em questionários feitos durante um ano letivo a 6.919 alunos das 26 escolas dos 24 concelhos, do 7.º ao 12.º ano de escolaridade.

Dos adolescentes inquiridos, 33,1% referiu sentir sonolência diurna. A percentagem sobe para 36,6% se forem apenas tidas em conta as raparigas.

O presidente da ESSV, Carlos Pereira, que foi um dos orientadores da tese de doutoramento de Odete Amaral, disse ter ficado chocado com este dado, uma vez que, durante o dia, os jovens deveriam estar "ativos e pensantes".

"Estes adolescentes não estão, seguramente, em condições de qualidade de vida e de desempenhar eficazmente as tarefas que lhes são solicitadas nas aulas", considerou.

Odete Amaral contou ter decidido fazer este trabalho porque, apesar de se falar muito nos problemas do sono relativamente aos adultos (por exemplo, o caso dos camionistas), desconfiava que também os adolescentes os teriam.

"Medimos os sintomas de insónia e a insónia, usando critérios internacionais", referiu.

Segundo a investigadora, a insónia é avaliada através de quatro sintomas, nomeadamente "a dificuldade em adormecer, a dificuldade em manter o sono, o acordar muito cedo e ter dificuldade em voltar a adormecer e o sono não reparador".

"Estes sintomas, mais as consequências destes problemas no dia-a-dia, formam a insónia", explicou.

O estudo concluiu que 8,3% dos adolescentes sofriam de insónia e 21,4% de sintomas de insónia.

Odete Amaral frisou que o sono insuficiente - ou seja, inferior a oito horas por noite - também é um dos problemas destes adolescentes. Um terço dos inquiridos dormia menos do que devia.

"O número de horas recomendado pela 'National Sleep Foundation' para estes adolescentes é 8,5/9,5 horas. Mas há autores que dizem que deviam dormir dez horas", referiu.

A maioria dos adolescentes justificou dormir apenas essas horas com o facto de ficar no computador, a ver televisão no quarto ou a ler, tendo havido "um ou outro que disse que era porque tinha de fazer os trabalhos de casa".

Por outro lado, "apenas 6,4% dos adolescentes referiu deitar-se todas as noites à mesma hora", acrescentou.

Para evitar repercussões como sintomatologia depressiva, sonolência diurna e má qualidade de vida, a investigadora defendeu que os adolescentes deviam ter como lema "Dorme bem sempre".

No estudo são deixadas sugestões como a introdução deste tema nos currículos escolares, com a abordagem das medidas de "higiene do sono", de que são exemplo deitar e levantar à mesma hora diariamente (mesmo ao fim de semana), evitar o exercício físico nas quatro horas antes de deitar e evitar ver televisão na cama.

"E também devia ser dada outra importância às questões do sono mesmo nos cuidados de saúde primários, na promoção de um estilo de vida saudável. Fala-se em comer bem, na atividade física, mas esquecem-se os hábitos de sono", lamentou Odete Amaral.

Na sua opinião, o assunto devia ser abordado nas consultas que se fazem desde que os bebés nascem, porque "muitas vezes os pais também precisam de ser ensinados para poderem depois educar os filhos".

O estudo foi apresentado no ano passado no Congresso Mundial de Epidemiologia e publicado no European Journal of Pediatrics.

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