À iniciativa foi dado o nome de "Marcha da Vida", frase que se podia ler num cartaz com vários metros de largura, segurado por alunos e professores, que encabeçava a caminhada, atividade que obrigou a cortar o trânsito nas principais artérias de Felgueiras.
Quase sempre em silêncio, as comunidades escolares do concelho, numa iniciativa do Agrupamento de Airães, quiseram também assinalar o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.
Aquele agrupamento integra este ano o Mapa Mundial da lembrança do 70.º aniversário da libertação de Auschwitz, juntando-se a dezenas de localidades por todo mundo.
Diana Félix, aluna da escola de Airães, falou do interesse e do estudo que o assunto tem despertado na escola. A propósito da marcha de hoje, lembrou o "horror" do holocausto e o campo de concentração de Auschwitz, que ficou conhecer com a exibição de um vídeo na escola, exclamando: "Hoje fomos muitos, mas em comparação com o que aconteceu lá, somos muito poucos".
Na marcha pelas ruas de Felgueiras participou Domingos Jerónimo, cônsul de Israel no Porto.
Em declarações à Lusa, o representante consular sublinhou a importância de a juventude de Felgueiras ter "consciência do valor supremo da vida humana e da liberdade".
"É importante assinalar que nunca mais volte a acontecer o holocausto ou outros conflitos mundiais que espezinham os direitos humanos", afirmou, elogiando a atividade de hoje.
Francina Santos, a docente que organizou o evento, disse que a marcha "quis dar mais visibilidade à causa, no concelho e no país", sobretudo quando são assinalados os 70 anos da libertação de Auschwitz.
A professora destacou o envolvimento da autarquia e de várias escolas, frisando que só assim será possível "fazer vingar os valores da justiça, tolerância e liberdade junto da comunidade".
Muitas crianças e adolescentes envergavam camisolas com imagens do campo de concentração de Auschwitz. A marcha terminava com dois cartazes escuros, iluminados com a chama de um isqueiro, nos quais se lia a palavra holocausto.
Rui Silva, diretor do Agrupamento de Escolas de Airães, declarou à Lusa que o 70.º aniversário da libertação de Auschwitz foi "uma maior motivação para, a partir de Felgueiras, marcar o evento a nível do país".
"Este é um grande momento cívico que a Escola de Airães procura dar", afirmou, recordando que no mundo foram hoje organizadas várias marchas.
"Em Portugal foi em Felgueiras", acentuou.
Já para João Sousa, vice-presidente da câmara, importa, com esta iniciativa, "transmitir aos mais jovens os valores da vida".
O autarca sublinhou também a presença, no programa do evento, dos netos de Aristides Sousa Mendes, antigo cônsul português em Bordéus, Franca, que ajudou a salvar milhares de judeus durante a segunda guerra mundial.
A marcha terminou junto à biblioteca municipal, com os alunos a rodearem uma lápide colocada no local alusiva à data hoje assinalada em todo o mundo.
Descerrada a placa, com palmas, podia-se ver uma imagem do campo de concentração de Auschwitz e ler a frase de Aristides de Sousa Mendes: "Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro".