Amadora-Sintra vai adquirir mais macas para libertar ambulâncias
Bombeiros queixam-se de fazerem o trabalho de auxiliares de saúde, enquanto esperam "durante horas" pelas macas de transporte de doentes no Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), mas a unidade de saúde anunciou que vai comprar mais macas.
© Lusa
País Hospital
"Isto põe em causa a nossa capacidade de resposta. Corremos o risco de não podermos socorrer pessoas porque temos as ambulâncias à porta do hospital", explicou à agência Lusa o comandante dos Bombeiros Voluntários de Algueirão-Mem Martins, Joaquim Leonardo.
Em comunicado, a corporação do concelho de Sintra lamentou que "durante os meses de dezembro e janeiro, os bombeiros têm aguardado várias horas na urgência do hospital Amadora-Sintra pelas macas das ambulâncias", situação de também se queixam os voluntários de Agualva-Cacém.
"Durante o ano de 2014 foram recusados mais de 400 serviços", confirmou à Lusa o comandante dos bombeiros de Agualva-Cacém, Luís Pimentel, esclarecendo que muitos casos se deveram a indisponibilidade de ambulâncias retidas no hospital e alguns por problemas de manutenção.
Os bombeiros de Algueirão-Mem Martins, que possuem apenas seis ambulâncias para uma população de cerca de 100 mil habitantes, chegam a ter todas as viaturas de socorro "retidas uma hora e por vezes duas horas na urgência do hospital", lê-se no comunicado da corporação.
Os bombeiros acrescentaram que, na quinta-feira, "quatro destas seis ambulâncias estiveram retidas mais de duas horas" e uma delas, depois de transportar o doente, que fez raio-x, tratamento e consulta na maca da ambulância, ainda o levou a casa após ter alta.
"Durante estas horas de permanência no hospital, os bombeiros encaminham os doentes para os serviços de raio-x, análises, pequena cirurgia, fazendo o trabalho dos auxiliares de ação médica do próprio hospital", criticaram os bombeiros.
Para a corporação de Algueirão-Mem Martins, "a situação, para além de abusiva por parte do hospital, é completamente inaceitável", porque "tem consequências muito graves ao nível da capacidade de resposta dos corpos de bombeiros nas emergências pré-hospitalares", concluiu o comunicado.
"Os bombeiros são mais uma vez chamados a apagar fogos, porque o hospital não tem pessoal e macas suficientes para as necessidades", salientou Joaquim Leonardo.
O comandante de Agualva-Cacém, Luís Pimentel, corroborou que "o hospital de Amadora-Sintra não está dimensionado para as pessoas que está a receber" e notou que a situação caótica "tem a ver com picos" de afluência às urgências.
Na quinta-feira, uma ambulância de Agualva-Cacém esperou "cerca de uma hora e 15 minutos" pela maca e Luís Pimentel só conseguiu desbloquear a situação depois de falar com um responsável da unidade de saúde.
"Os doentes entram com patologias respiratórias muito graves e na urgência a capacidade de camas acaba por ficar saturada", admitiu uma fonte do gabinete de comunicação do Hospital Fernando Fonseca.
A mesma fonte assegurou que se "procurou conciliar as necessidades do hospital com as dos bombeiros", libertando as macas sempre que surgia uma situação de emergência a que tinham de responder.
Perante as queixas públicas dos bombeiros, a administração do Amadora-Sintra decidiu "recolher todas as macas nos serviços e pô-las ao serviço da urgência" e "lançar um concurso para aquisição imediata de macas", acrescentou a fonte.
As corporações de bombeiros do concelho de Sintra vão também "ser convocadas" para uma reunião com a administração do Fernando Fonseca, para discutir uma maneira de formalizar "uma colaboração" entre os diversos agentes da emergência médica.
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