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Solidariedade reconstrói habitação de casal desalojado por incêndio

Uma casa que, no início de dezembro, foi totalmente destruída por um incêndio, em Entrevinhas, no concelho de Sardoal, desalojando duas pessoas, está a ser reconstruída por um movimento de solidariedade surgido entre a população local.

Solidariedade reconstrói habitação de casal desalojado por incêndio
Notícias ao Minuto

12:14 - 20/12/14 por Lusa

País Sardoal

O incêndio, que demorou 25 minutos a devastar o trabalho de uma vida de João e Isaura, ambos de 57 anos de idade, desalojou o casal habitantes da pequena aldeia do distrito de Santarém, com cerca de 90 habitantes, tendo a família perdido todos os seus bens, além de ter obrigado à hospitalização do homem, que sofreu queimaduras graves.

"Em poucos minutos isto ardeu tudo, fiquei sem casa e sem nada para vestir e para calçar, sem comer e sem dinheiro. Só restaram as paredes", lembrou à agência Lusa Isaura Filipe, desde o dia 06 de dezembro a viver em casa de uma irmã, na mesma aldeia.

O marido, João, condicionado fisicamente por um recente AVC (acidente vascular cerebral) não conseguiu escapar à rápida propagação das chamas, estando internado desde então em Lisboa devido a queimaduras de primeiro e segundo graus em várias partes do corpo.

Leopoldina Fernandes, de 73 anos, a primeira vizinha a dar o alerta de incêndio, disse à agência Lusa que quando chegou à habitação o "fumo saía por todo o lado, pelas portas e pelas janelas".

"Foi um pânico completo, só me deu para vir para o meio da rua gritar por socorro", lembrou.

Vítor Neto, vice-presidente da Associação de Melhoramentos e Amigos de Entrevinhas (AMAE), destacou a "espontaneidade reativa" da população, tendo esta instituição promovido de imediato uma reunião para "concertar esforços e fazer uma listagem de todas as tarefas a executar".

"Delineámos um plano de intervenção e ajuda para um casal em dificuldades, num movimento natural de solidariedade, e demos início a uma campanha para angariação de fundos para a reconstrução da casa, com uma conta bancária solidária", lembrou, tendo destacado as "muitas pessoas, entidades, empresas e associações do concelho e da região que disponibilizaram a sua ajuda".

Para a reconstrução da habitação, que está em curso mas não tem data prevista de conclusão, a AMAE conta com o trabalho de mais de 25 profissionais de diversas áreas, desde pedreiros a serventes, instaladores de gás, colocadores de salamandras, colocadores de chão flutuante, canalizadores, ladrilhadores e eletricistas, entre outros.

"Ver toda esta gente aqui a trabalhar e a colaborar nesta ação deixa qualquer um sem palavras. Eu não podia deixar de vir e, com este ritmo de trabalho, a casa já deve ter telhado por alturas do Natal", disse à Lusa Francisco Lopes, pedreiro aposentado, de 69 anos.

António David, de 66 anos, encarregado de construção civil, também aposentado, destacou à Lusa a "missão de apoio a uma família que teve um azar", tendo sublinhado que a intervenção está a decorrer "com espírito de entreajuda, humanitário e em harmonia".

"Isto devia ser sempre assim, em Entrevinhas, ou em qualquer parte do mundo, cada um dando o que pode e sabe, em prol de quem mais precisa. Vamos estar aqui a trabalhar até reconstruirmos a habitação a estas pessoas", vincou.

Isaura Filipe disse à agência Lusa que este ano o seu Natal vai ser vivido com um misto de emoções: "tristeza, pela tragédia que ocorreu", "preocupação", pelo estado de saúde do marido, mas também de alegria ao ver a onda de solidariedade face à ocorrência.

"Nunca pensei que houvesse tanta gente para fazer tanto bem, e o meu Natal vão ser estes dias em que me estão a ajudar na casa. O Natal é isto que estamos a viver aqui", destacou Isaura, para quem este gesto solidário "era o melhor Natal que estas pessoas poderiam dar".

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