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Moradores contestam aumentos de rendas entre "1000 e 3000%"

Algumas dezenas de moradores do Bairro Amarelo, em Almada, concentraram-se hoje frente ao Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) para contestarem os aumentos de rendas, que chegam aos "1000 e 3000%", como disse uma residente.

Moradores contestam aumentos de rendas entre "1000 e 3000%"
Notícias ao Minuto

14:00 - 19/12/14 por Lusa

País Bairro

À porta da instituição, em Lisboa, a moradora Maria Brázia disse não estar contra os aumentos, mas a forma como estão a ser feitos e os valores que atingem, quando os prédios até "têm placas de amianto".

Outro residente do bairro daquela zona da Costa da Caparica, Luís Lopes, afirmou ter descontado "32 anos" enquanto estava no ativo e agora na reforma está "quase sem dinheiro para comer".

De uma renda de 6,25 euros, este reformado passou a pagar este ano 88,35 euros e daqui a dois anos, no final do faseamento dos aumentos, vai despender 225 euros.

"Recebo 900 euros, mas são para dividir por três pessoas: a minha mulher e o meu filho mais novo. E ainda ajudo os netos", disse.

Celestino Carvalho juntou-se à indignação dos seus vizinhos, por o IHRU estar a contabilizar a "132 euros o metro quadrado" para chegar ao valor das rendas.

Da Comissão de Moradores, Helena Abegão lamentou que a nova lei de renda apoiada, publicada hoje em Diário da República, continue a contabilizar os rendimentos brutos e não os líquidos das famílias.

"Há ordenados e reformas congelados no bairro, há desemprego", notou a responsável, referindo terem sido recolhidas "mais de duas mil assinaturas" de moradores contra a fórmula de aumento de rendas.

Os habitantes seguraram uma faixa, na qual se lia "os moradores dos bairros sociais não suportam estas rendas" e gritaram palavras como "aumento das rendas, não; tiram-nos o pão" e a "renda quer impor a vergonha nacional".

Após uma reunião com um vogal do IHRU, Mário Oliveira, da Comissão dos Moradores do Bairro Amarelo, contou que foi dito que competia aquele instituto aplicar a lei.

Mário Oliveira acrescentou que neste momento teme que venham a existir "tensões sociais graves", já que a aplicação da lei para aumentar as rendas "não tem em conta os problemas, a precariedade do trabalho, as despesas com saúde e a degradação do bairro".

O IHRU gere os bairros sociais da responsabilidade do poder central e com base no regime jurídico das rendas apoiadas notificou os seus inquilinos dos novos valores das rendas a aplicar a partir de 01 de dezembro.

Os moradores tinham pedido audiências ao ministro da tutela, Moreira da Silva, e ao IHRU, mas não obtiveram resposta, tendo decidido deslocar-se hoje a Lisboa.

O presidente do IHRU, Vitor Reis, tem referido que o regime de renda apoiada em habitação social é o "mais justo" e que vão acabar os casos de famílias a ganhar 2.000 euros e a pagar cinco e 10 euros de renda, já que a regra é "pagar em função dos rendimentos".

O responsável reforçou que nenhum valor de renda irá ultrapassar os 15% de taxa de esforço de cada família.

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