Centro comunitário português em Londres duplicou consultas de apoio social
O número de consultas de pessoas que receberam apoio social do Centro comunitário de Apoio à Comunidade Lusófona em Londres, que hoje celebra o terceiro aniversário, mais do que duplicou no último ano, afirmou a diretora.
© Reuters
País 2014
Este ano, 444 pessoas deslocaram-se ao centro para ter aconselhamento sobre questões como habitação, subsídios, educação ou emprego, mais 109% do que as 212 pessoas atendidas em 2013, afirmou Fernanda Correia à agência Lusa.
Desde a criação do centro, em 2012, quando foram atendidas 122 pessoas, este número aumentou 264%.
Embora a dirigente admita que o alargamento do horário de atendimento de duas horas por dia para sete horas diárias tenha contribuído para o acréscimo, a principal causa é o crescimento da imigração portuguesa para o Reino Unido nos últimos anos.
"Este centro é extremamente necessário como ponte entre as pessoas e os serviços públicos e tem de crescer porque se o governo britânico implementar novas regras para os imigrantes europeus vamos ver muita miséria", avisou.
Entre as medidas propostas pelo primeiro-ministro, David Cameron, consta a imposição de um prazo de seis meses para que os imigrantes encontrem trabalho e de quatro anos de residência até poderem beneficiar dos subsídios estatais de subsistência e de habitação.
Fernanda Correia refere que todos os meses recebe várias pessoas e famílias em situação grave, sem alojamento ou em risco, por não terem nem emprego nem dinheiro suficiente para cobrir o custo de vida elevado em Londres.
Além de apoio social, o centro tem atividades como um clube sénior, aulas de inglês e informática e formações profissionais para intérprete comunitário, em higiene e alimentação, educação de crianças ou cuidados sociais e de saúde.
O centro comunitário foi criado com o apoio do município londrino de Lambeth, mas depende da angariação de fundos e funciona com um orçamento de perto de 60 mil libras (77 mil euros).
Ao todo, este ano usaram o Centro 811 pessoas, mais 76% do que as 460 de 2013.
Uma das utentes, Adelaide Domingos, 61 anos, contou à Lusa que o centro foi útil quando precisou de ajudar o filho a encontrar um advogado.
"Precisava de ajuda porque nunca tinha tido necessidade de um advogado e facilita poder falar com gente portuguesa", afirmou à Lusa.
Apesar de viver na capital britânica há 27 anos, onde trabalhou como ama e em limpezas, admitiu dominar mal o idioma inglês, pelo que também frequentou aulas no Centro.
"Falo muito pouco e assim posso defender-me melhor e ir ao médico sem precisar de ajuda dos filhos", acrescentou.
Chegados há apenas seis meses, e embora falem inglês com maior facilidade, Luis Almeida, 32 anos, e Cristiana Correia, 29, também consideram úteis os serviços oferecidos.
"Queremos trazer o nosso filho de três anos para cá, mas queremos informar-nos das condições e sobre a que nos serviços nos devemos dirigir", referiu a enfermeira.
Luís, que era calceteiro e agora trabalha como auxiliar hospitalar, explicou que as conversas com amigos e colegas de trabalho são insuficientes, vincando: "É sempre bom ter alguém que nos dê esclarecimentos na nossa língua".
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