Quase a completar 80 anos, Joaquim Silva Pinto, ex-ministro de Marcello Caetano e contador de histórias, falou no dia da detenção de José Sócrates ao jornal i sobre o seu livro ‘Do Pântano não Se Sai a Nado’ e a atual situação do país. No livro, que serve de mote à entrevista, Silva Pinto diz que “já não temos lama até ao pescoço” no que à situação económica diz respeito, mas sobre a Justiça, nomeadamente aos casos BES e vistos gold, considera que temos lama “até à boca”.
Assumindo que “um Governo de coligação é sempre muito difícil” porque “há dois protagonistas e qualquer deles quer chamar a atenção para o facto de ter voz própria”, além de existirem “saídas irreversíveis que são reversíveis”, Silva Pinto considera que Passos Coelho “atrapalha-se muito. (...) Depois o ministro Marques Guedes diz uma coisa com bom senso, Poiares Maduro outra sem senso e a Portas ninguém trava... Tudo isto”, sustenta, “afecta a economia”. Mas o que mais o “assusta” é o facto de considerar que “o país está sem controlo”.
De acordo com o jornal i, no livro, Silva Pinto refere-se ao “bom coração de Guterres e à má cabeça de Sócrates”. Questionado sobre qual o órgão que define Costa, o ex-ministro responde que o novo secretário-geral do PS “é um homem muito inteligente, com grande capacidade de mobilizar e coordenar, com um extraordinária ambição pessoal” mas, sublinha, “vejo-o mal rodeado e tenho medo por isso”. Além disso, “o que fez a Seguro, de bom colega não foi. Há regras e ele desrespeitou-as, atirou o outro do cavalo abaixo”.
Quanto a José Sócrates, mesmo antes da ‘bomba’ da sua detenção explodir, Silva Pinto é peremptório: “Não gosto de Sócrates. Penso que é um homem com grandes falhas de carácter. Um grande sentido de oportunismo, uma capacidade de mentir excepcional, nalguns casos mentindo com jeito, noutros até com falta de jeito. É autoritário e é um ignorante autoritário, que é o pior que pode acontecer. (...) Acabava com tudo quanto o pudesse incomodar”.
Já Paulo Portas á clssificado como “um homem perturbador onde quer que esteja. É um criativo. (...) Não compraria um carro em segunda mão a Paulo Portas e não é o estilo de pessoa que gostasse de ter como sócio.
O chefe de Estado também merece um comentário. Silva Pinto classifica-o de “um homem curiosamente redutor nas suas interpretações” e que quando o assunto é Finanças “esquece que é Presidente e bota discurso (...). A nossa sorte”, remata, “é que não é ouvido internacionalmente”.