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Tradição ainda manda e há (cada vez) mais Marias

Os nomes próprios obedecem a modas e a ciclos e a variedade é tão grande que em 2013 foi registada uma mulher Bi e um homem Nino, mas as 4490 Marias mostram que a tradição ainda manda.

Tradição ainda manda e há (cada vez) mais Marias
Notícias ao Minuto

10:30 - 23/11/14 por Lusa

País Nomes

Sandra Monteiro, conservadora adjunta da Conservatória dos Registos Centrais (Instituto dos Registos e Notariado, Ministério da Justiça) ainda assim não tem dúvidas de que a escolha dos nomes "é cíclica" e influenciada até por telenovelas, como disse à Lusa.

E para provar que é uma questão de modas também está a lista dos nomes postos em 2013: Maria o mais escolhido, com 4490 casos, seguindo-se Matilde, com 1942 casos.

"Em 1987 praticamente não havia novas pessoas com o nome Matilde", disse também à Lusa a conservadora dos Registos Centrais, Lurdes Serrano, explicando que a lei permite um nome próprio, que deve de definir o sexo, mais quatro apelidos e mais dois por casamento. (Civilmente são os reconhecidos, embora registados pela Igreja possam ser mais).

De acordo com Sandra Monteiro em Portugal está atualmente na moda nomes mais compridos e a grafias antigas, como Meirelles ou Menezes. "Há tanta gente a mudar de Melo para Mello... mas para mudar tem de provar que Mello é apelido da família", disse.

Lurdes Serrano dá ainda outra explicação: nomes muito curtos estiveram no passado associados a pessoas "sem passado e sem família, ilegítimas e enjeitadas".

E lembra que nos séculos XVIII e XIX existia a chamada "Roda dos Expostos", da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, um cilindro giratório nas portas de mosteiros e conventos onde eram deixados recém-nascidos, porque de famílias sem recursos, porque fruto de ligações ilegítimas, porque encontrados abandonados.

A essas pessoas (algumas acompanhadas de sinais deixados pelas famílias, a pensar que um dia os voltariam a procurar, como disse Lurdes Serrano) sem nome era-lhes atribuído um nome próprio e depois um segundo nome, normalmente o nome de um santo.

Hoje já não há "Roda dos Expostos" mas se há uma tendência para grandes nomes prevalece ainda a tradição nas mulheres e também nos homens. No ano passado o nome masculino mais escolhido foi o de João (1867), logo seguido de dois nomes muito na moda: Rodrigo (1841) e Martim (1715).

Os nomes seguintes mais escolhidos também refletem a tendência atual nos homens: Francisco, Santiago e Tomás; e nas mulheres, depois de Maria e Matilde: Leonor, Mariana e Carolina.

Cátia, que esteve na moda há uns anos, teve apenas 16 registos em 2013, o dobro das Adelaides, quatro vezes mais do que Sorayas. E depois ainda se registaram nomes como Liércia, Laurícia, Desejada, Águeda ou Arsénia, entre muitos nomes estrangeiros.

Nos homens registaram-se mais Cristianos (72) do que outros mais comuns como Sérgio, Mário ou Vítor. Ronaldos foram apenas seis, ainda assim o dobro do nome Yannick ou Aníbal.

No fim da tabela, com apenas um registo são essencialmente nomes estrangeiros mas também alguns bem portugueses, como Sidónio, Bartolomeu ou Anastácio. Que não esmoreçam, há 30 anos as Matildes e os Rodrigos também andariam por aqui.

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