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Legionella: familiares vão recorrer à justiça

Os familiares das pessoas infetadas pelo surto de 'legionella', no concelho de Vila Franca de Xira, exigem o apuramento de responsabilidades e vão recorrer aos tribunais, contando com o aconselhamento jurídico das duas juntas de freguesia afetadas.

Legionella: familiares vão recorrer à justiça
Notícias ao Minuto

20:30 - 21/11/14 por Lusa

País Vila Franca de Xira

"Espero que a culpa não morra solteira. Por minha vontade, é lógico que vamos para os tribunais para que alguém seja responsabilizado pela morte da minha mulher que estava em casa acamada. Alguém tem de assumir as responsabilidades", afirmou hoje à agência Lusa Alberto Esteves, 73 anos, à porta do apartamento onde residia com Argentina Reis, de 81 anos.

O viúvo conta que a companheira "estava acamada há mais de um ano em casa", situada na Rua 25 de Abril, no Forte da Casa, uma das mais atingidas pelo surto de 'legionella'. A idosa foi das primeiras vítimas mortais e uma das "chaves" para que as autoridades de saúde conseguissem identificar a forma e a origem do foco de contaminação pela bactéria.

Alberto Esteves conta que o presidente da Junta de Freguesia de Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa já disponibilizou os serviços jurídicos da autarquia.

Valdemar Matos, 58 anos, reside na margem sul do Tejo mas trabalhava há cerca de 10 meses na empresa Adubos de Portugal (AdP), localizada em Alverca do Ribatejo. O diretor geral da saúde revelou hoje que as bactérias encontradas em doentes com 'legionella' são semelhantes às detetadas numa torre de refrigeração desta empresa.

"Quero ir para a frente com isto [avançar para os tribunais] porque vou ficar com sequelas. A médica disse-me que, a nível pulmonar, eu nunca mais volto a ser a mesma pessoa. Até que conseguissem detetar o problema, a bactéria corroeu-me todo por dentro. Já contactei a Junta de Freguesia de Vialonga que me disponibilizou a ajuda jurídica e vou fazer tudo para levar isto à justiça" refere o funcionário que montava e desmontava andaimes.

Valdemar Matos foi um dos quatro trabalhadores da AdP que estiveram internados no Centro Hospitalar Barreiro/Montijo. Neste momento já está em casa de baixa médica e a tomar antibióticos.

Já o marido de Maria dos Anjos Lopes esteve internado no Hospital de São José tendo sido transferido para o Hospital Curry Cabral, ambos em Lisboa. A esposa conta à Lusa que que o marido vai ter hoje alta hospitalar.

"Vou recorrer aos tribunais caso o meu marido fique com sequelas, o que é praticamente certo. O médico que o viu, desde o princípio, disse-nos que ele não ia ficar o homem que era, pois um dos pulmões ficou muito afetado. Faz amanhã [sábado] 15 dias que ele foi internado. Vem hoje para casa e vamos ver em que estado é que ele fica", afirmou a familiar.

Francisco Soares, de 67 anos, e Maria dos Anjos Lopes residem na localidade de Alpriate, freguesia de Vialonga. A mulher refere que a Junta local já disponibilizou o advogado para ajudar a nível jurídico.

O presidente da Junta de Freguesia de Vialonga diz que, até hoje, recebeu nove pedidos de apoio jurídico, acrescentando que nenhum deles partiu de familiares das três vítimas mortais registadas na freguesia.

José Gomes (CDU) defende que é necessário apurar quem são os responsáveis pelo surto de 'legionella'.

"Vou propor uma reunião com o presidente da Junta da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa e a Câmara de Vila Franca de Xira durante a próxima semana para que sejam concertadas posições e ações a tomar, nomeadamente ao nível jurídico", explica.

Contactada pela Lusa, a Junta de Freguesia da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa (PS) informa que, até agora, recebeu 20 pedidos de apoio jurídico e oito pedidos de apoio psicológico, tendo já dito anteriormente estar também disponível para ajudar as pessoas afetadas.

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