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"Temos um Governo que é, em geral, muito mau"

António Serra Lopes é, aos 80 anos, um advogado que apenas continua a ir ao escritório por ?malandrice?. Apesar de a sua esposa ter sido Bastonária da Ordem dos Advogados, de ter recebido vários convites para entrar na política, de ter sido colega de faculdade de Mário Soares e amigo de Sá Carneiro, nunca entrou nesse mundo. Hoje, face à crise que encontra em Portugal, em entrevista ao Negócios, lamenta não haver ninguém no Governo que tenha ?uma ideia de país?.

"Temos um Governo que é, em geral, muito mau"
Notícias ao Minuto

10:10 - 24/10/14 por Notícias Ao Minuto

País António Serra Lopes

“Temos um Governo que é, em geral, muito mau. Temos um tipo que, presumo, mal o conheço, é honesto e decente, que é o Passos Coelho, mas que é um jovem. (…) Hoje, a situação é tramada e todos os dias acontece uma coisa pior do que a outra”, afirma António Serra Lopes, um homem que apesar de nunca ter entrado na política, do alto dos seus 80 anos, tem um conhecimento particular sobre as realidades do país.

“Há uma coisa que se chama negociar. Há uma coisa que se chama diplomacia. Quem está no poder não sabe negociar. Estamos hoje numa inferioridade diplomática que é muito superior à inferioridade que resulta da nossa pequenez como país”, atira Serra Lopes sobre a posição de Portugal face às entidades internacionais, para acrescentar que considera que “este Governo, acho-o altamente incompetente, com uma exceção ou duas. Não tem uma ideia de país”, concretiza.

Sobre o processo de entrada na União Europeia, o advogado tem uma opinião crítica, dizendo mesmo que a “forma como aderimos foi uma burrice. Primeiro, deu origem a uma data de medíocres que apareceram na política. Segundo, porque o tratado de adesão é um tratado de submissão”, ao que acrescenta o "desbaratar de fundos" que nos destruir a estrutura produtiva do país.

“É claro que é possível dizer que algum desse dinheiro se transformou em coisas úteis. Algumas úteis demais. Por exemplo, quando vou ao Porto, tenho hipótese de escolher entre mais do que uma autoestrada. Isso põe-me doente”, refere.

Recebeu convites de Cavaco, mas também de Sá Carneiro, foi colega de Soares, rejeitou entrar no meio político, mas diz-se um homem de centro-esquerda. Talvez por isso, quando olha para União Europeia vê ainda uma Europa a “a três ou quatro, para não dizer a Europa de um país”, sem ninguém capaz de se opor aos poderes instituídos.

Nesse sentido, preconiza o antigo advogado de casos como o processo da Casa Pia que apenas um político português é capaz de fazer abalar o sistema europeu. “A António Costa era capaz de lhe dar um ‘coeficientezinho’ de esperança. É um homem inteligente, que pensa bem”.

Para terminar, defende Serra Lopes que “é preciso trabalhar muito e pagar as dívidas todas. Com certeza, mas devagar”, pelo que considera que o país que deixa aos seus filhos e netos está mal, sendo preciso inverter este panorama.

Contudo, Serra Lopes mantém a esperança: “Às vezes, os portugueses têm é capacidade para dar a volta por baixo. Não estou demasiado inquieto. Acredito que há possibilidades de sairmos disto”, remata.

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