Associação culpa barra "assassina" pela morte de mais um pescador
O presidente da Associação de Pescadores de Esposende, Augusto Silva, culpou o assoreamento da barra e a "completa degradação" do molhe de proteção pela morte de mais um homem do mar naquele concelho, hoje registada.
© Reuters
País Esposende
"O mar hoje até está calmo, mas com a falta de condições da nossa barra o pior pode acontecer a todo o momento. Como está, é uma barra assassina", referiu Augusto Silva à Lusa.
Um pescador de 45 anos morreu hoje à saída da barra em Esposende, após ter caído da embarcação em que seguia, alegadamente vítima de um golpe de mar.
Para aquele dirigente associativo, a culpa foi, mais uma vez, do assoreamento da barra, que estava "completamente seca", e da inexistência de um molhe de proteção a norte.
"O molhe que existia já estava completamente degradado, mas acabou de vez com as marés vivas do último inverno. Os pescadores saem para o mar completamente entregues à sua sorte", criticou.
Augusto Silva disse que os pescadores já lutam "há 100 anos" por uma barra condigna, mas até aqui apenas têm conseguido "promessas".
O pescador que hoje morreu tinha regressado à faina há cerca de três meses, depois de uma incursão pela construção civil.
"Com a crise na construção, voltou ao mar e o mar deu-lhe isto", lamentou.
Segundo Augusto Silva, naquela barra já morreu cerca de uma dezena de pescadores, tendo o último acidente mortal sido registado "há seis ou sete anos".
"Mas os sustos são constantes e esses não entram nas estatísticas. Eu ainda há uma semana estive quatro horas literalmente preso, entre as 04:00 e as 08:00, em cima de uma coroa de areia. São situações que se registam e se repetem quase diariamente", afirmou.
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