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Voluntariado ajuda reformada a combater solidão na Lousã

Após uma vida de trabalho em Lisboa, a reformada Sara Santos, de 73 anos, acabou por radicar-se na Lousã, onde desenvolve serviço voluntário com idosos e crianças para combater a solidão.

Voluntariado ajuda reformada a combater solidão na Lousã
Notícias ao Minuto

11:05 - 28/09/14 por Lusa

País Dia do Idoso

Há 15 anos, quando ela e o marido decidiram aposentar-se, escolheram a Lousã para viver, deixando para trás décadas de labor na capital, onde permanecem os três filhos, quatro netos e um bisneto.

Natural de Boticas, Sara Santos era segunda ajudante no 5º Cartório Notarial de Lisboa, enquanto José Ventura, já falecido, oriundo da Pampilhosa da Serra, trabalhava no hotel Altis.

"Para os idosos, Lisboa é uma terra triste. As pessoas não têm com quem falar", afirmou a ex-funcionária pública à agência Lusa.

Na Lousã, onde fez muitos amigos, Sara Santos, muito ativa na comunidade, colabora com a paróquia local.

"Não sou catequista, mas conto às crianças histórias que ligam essa aprendizagem à vida real", explicou.

Na Arte-Via -- Cooperativa Artística e Editorial, a cuja assembleia-geral preside, integra as atividades educativas e de solidariedade sociocultural da Universidade do Autodidata e da Terceira e Idade da Lousã, uma das valências da instituição, acompanhando quase 100 utentes, entre adultos e crianças.

"Quando aqui cheguei, quis logo encontrar um caminho e a cooperativa é que me valeu. Não troco esta terra por outra", revelou.

Também José Ventura, que "sonhava regressar à aldeia onde nasceu" (Pescanseco Fundeiro, no concelho da Pampilhosa da Serra), acabou por mudar de ideias.

O casal optou por comprar um apartamento novo, quando o comboio ainda circulava no Ramal da Lousã, ligando a vila a Coimbra.

"Queríamos um sítio onde não estivéssemos longe de tudo. Na Arte-Via, contacto com muitas pessoas, estou a ajudar-me a mim própria e não sinto a solidão", salientou.

Por graça, uma pessoa amiga com quem se escreve, costuma identificar Sara Santos nas cartas como ‘Embaixadora de Trás-os-Montes na Lousã’, o que a faz sorrir.

"A minha alma é transmontana, a Lousã foi o meu abrigo e de coração sou serrana, por amor ao meu marido", resumiu.

Passa temporadas na modesta casa serrana da família, em Pescanseco, onde regressam no verão pampilhosenses de várias gerações radicados em Lisboa.

"Gosto muito de estar lá e falar com os mais novos, para saber o que eles fazem", congratulou-se.

Sara Santos anda a reler o livro ‘Padre Fontes -- O romance de uma vida’, de Eugénio Mendes Pinto, uma biografia do fundador do Congresso de Medicina Popular de Vilar de Perdizes: António Fontes, transmontano que, como ela, nasceu em 1940.

"Mas amo a terra que me acolheu", enfatizou. Em Lisboa, "os idosos não têm o apoio domiciliário que têm aqui", beneficiando de "duas visitas diárias", exemplificou.

Desde a juventude, aprecia músicos que se destacaram na oposição à ditadura, como Luís Cília e José Afonso, entre outros.

"Muitas das suas canções ajudaram-me a sentir que era alguém", acentuou.

Também ela escreve poemas com preocupações político-sociais. No último 25 de Abril, numa comemoração local dos 40 anos da Revolução dos Cravos, Sara Santos empolgou o público ao declamar um desses textos.

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