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"Portuguesas informadas sobre violência mas denunciam pouco"

As mulheres portuguesas estão "bem informadas" sobre a violência de género, mas é preciso assegurar que denunciam os abusos e que têm acesso aos serviços adequados, defendeu uma perita internacional que hoje será ouvida no parlamento.

"Portuguesas informadas sobre violência mas denunciam pouco"
Notícias ao Minuto

10:40 - 19/09/14 por Lusa

País Peritos

Em entrevista à Lusa, Joanna Goodey, que está em Lisboa para discutir os resultados de um estudo da Agência para os Direitos Fundamentais (FRA, na sigla em inglês), explicou que Portugal "está em linha com a média da União Europeia" no que respeita à sensibilização para o problema.

Aliás, destacou, "as portuguesas são as que, de entre todos os Estados-membros, mais consciencialização têm sobre uma generalizada violência contra as mulheres".

A perceção da violência de género como "muito" ou "bastante" comum "pode ser vista como positiva", disse a perita. "As portuguesas estão bastante bem informadas. Se compararmos com outros Estados-membros, estão mais bem informadas", comparou.

O estudo da FRA, realizado em 2012 e cujos resultados foram divulgados em março, entrevistou 1.500 mulheres em Portugal e 70 por cento delas disseram estar a par de campanhas de informação. "Isto significa que algo está a funcionar, pois as mulheres estão conscientes do problema", avaliou Joanna Goodey, avisando que "a sensibilização tem de continuar, não é algo que se pode financiar apenas por um ano".

Por outro lado, a denúncia não corresponde à informação. "Temos de encorajar as mulheres a reportarem as ofensas", frisou a perita, recordando que o estudo mostra que "a grande maioria das mulheres não denuncia", o que faz com que a justiça não atue.

"Mudar a lei é uma coisa, mas, acima de tudo, são necessários serviços onde as mulheres se sintam seguras para pedir ajuda e assistência", distinguiu Goodey, frisando que esses serviços "precisam de dinheiro", o que "deve ser garantido pelo Estado".

Segundo a perita, o estudo da FRA "teve um grande impacto a vários níveis", levando "muitos países a revigorar a discussão sobre o assunto".

Joanna Goodey -- que, em Lisboa, já se encontrou com a secretária de Estado da Igualdade, Teresa Morais, e foi oradora num seminário sobre apoio às vítimas de violência -- será ouvida hoje pelos deputados portugueses.

A perita está a fazer o acompanhamento do estudo da FRA, visitando os Estados-membros da UE para apresentar e discutir os resultados.

"Há muitos estereótipos, as pessoas assumem que alguns países têm piores resultados e que outros saem sempre melhor", reconheceu, para justificar as altas taxas de violência verificadas nos países escandinavos, o que pode ser atribuído ao facto de o assunto ser discutido em público, mas também de problemas como "o elevado consumo de álcool".

O estudo da FRA, o maior sobre violência de género alguma vez realizado na UE, com 42 mil inquiridas nos 28 Estados-membros, concluiu que uma em cada três mulheres europeias foi ou será vítima de pelo menos um episódio de abuso sexual, físico ou psicológico.

Reconhecendo que se vive "um momento difícil" com a mudança nas instituições europeias, Goodey disse estar expectante face ao que acontecerá nos próximos meses.

Destacando que a violência "afeta a economia também", a perita considerou que "a questão é saber se a Comissão Europeia e os Estados-membros serão capazes de incluir a violência contra as mulheres como um assunto central para a igualdade de género".

A primeira reação das instituições da UE ao estudo da FRA "foi positiva", com os Estados-membros a reconhecerem a importância de lidar com as estatísticas divulgadas no estudo. "Mas é preciso saber se isso terá efeitos nas políticas europeias", disse.

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