A ex-coordenadora da Polícia Judiciária, Ana Paula Matos, terá desviado 86 mil euros, resultado de uma busca domiciliária. Agora, o Ministério da Justiça recusa-se a devolver este dinheiro que pertence a um ex-arguido numa investigação de tráfico de droga, crime que terá ficado provado em tribunal.
Mas este não é o único valor retirado pela ex-coordenadora da Direção Central de Investigação ao Tráfico de Estupefacientes. Ao longo de quatro buscas feitas no âmbito de investigações de tráfico de droga entre 2005 e 2006, a ex-coordenadora já se tinha apropriado de 94 mil euros.
O ex-arguido, dono de uma oficina de reparações de carros de luxo, que foi condenado a dois anos de pena suspensa provou em tribunal que o dinheiro apreendido não era resultado da atividade ilícita de venda de droga e que deveria ser rapidamente restituído a quem de direito.
Contudo, apesar de vários pedidos ao gabinete de Paula Teixeira da Cruz, instituição que tutela a Polícia Judiciária, o dinheiro ainda não foi devolvido.
Entre 2010 e 2012 o tribunal decidiu junto do Ministério da Justiça, que deveria ser feita a devolução do dinheiro, mas sem sucesso. E o advogado, Manuel Rodrigues Inácio, garante que está em causa um crime de desobediência por parte do Ministério da Justiça”.
“Existe uma decisão de um órgão da Justiça que sublinha que o dinheiro tem de ser devolvido. Mas o gabinete da senhora ministra refugia-se com o processo da senhora Ana Paula Matos. A verdade é que esta senhora era a fiel depositária do próprio Estado”, disse o advogado.
No entanto, o gabinete da ministra da Justiça afirmou que “falta ainda uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça a explicar quem deve restituir este dinheiro”.
Para já, estes 86 mil euros estão desaparecidos.